O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse neste domingo (9) que a troca de colaborações entre o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, vista em mensagens publicadas pelo site Intercept Brasil, põe em xeque a equidistância da Justiça.
— Apenas coloca em dúvida, principalmente ao olhar do leigo, a equidistância do órgão julgador, que tem ser absoluta. Agora, as consequências, eu não sei. Temos que aguardar — afirmou o magistrado.
— Isso (relação do juiz e procurador) tem que ser tratado no processo, com ampla publicidade. De forma pública, com absoluta transparência — acrescentou.
Marco Aurélio evitou, no entanto, comentar detalhes do caso. Ele disse que é preciso aguardar para analisar se as revelações terão alguma interferência na Operação Lava-Jato.
O conteúdo divulgado neste domingo expõe como Moro sugeriu ao Ministério Público Federal (MPF) trocar a ordem de fases da Lava-Jato, cobrou a realização de novas operações, deu conselhos e pistas e antecipou ao menos uma decisão judicial.
Moro, em nota, negou que haja no material revelado "qualquer anormalidade ou direcionamento" da sua atuação como juiz. Ele deixou a carreira na magistratura em novembro, quando aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro para ser ministro da Justiça e da Segurança Pública.