Em novos trechos de conversas vazadas nesta quarta-feira (12) pelo site The Intercept Brasil, o então juiz da Lava-Jato Sergio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, e o procurador da força-tarefa da operação, Deltan Dallagnol, acertam detalhes sobre novo pedido de prisão de Alexandrino de Alencar, então executivo da Odebrecht.
As conversas são de 16 de outubro de 2015, uma sexta-feira, dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) deferiu liminarmente o pedido de habeas corpus de Alencar. Ele havia sido preso no dia 19 de junho daquele ano na Operação Erga Omnes, 14ª fase da Lava-Jato, quando também foram detidos o presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, e outros executivos do grupo. Todos foram acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Em um trecho da conversa, Dallagnol avisa que tem outra denúncia "a ponto de sair" e acerta com o juiz o dia do envio da mesma, para evitar que a apreciação ficasse com um juiz plantonista. Moro diz que não conseguiria e alerta o procurador: "Não creio que conseguiria ver hj. Mas pensem bem se é uma boa ideia. Teriam que ser fatos graves".
Moro também diz ao procurador que pensa em levantar sigilos de depoimentos "na segunda-feira". "Algum problema para vcs?", pergunta Moro. Dallagnol responde que "o pessoal pediu para manter o sigilo do caso de Pasadena".
À noite, Dallagnol volta a mandar mensagens ao juiz: "Caro Juiz, seria possível reunião no final da segunda para tratarmos de novas fases, inclusive capacidade operacional e data considerando recesso? Incluiria PF também”.
Moro responde no dia seguinte: "Penso que seria oportuno. Mas segunda sera um dia difícil. Terça seria ideal. A não ser que seja segunda pela manhã”. O encontro fica marcado para as 10h30min.
No último domingo (9), o site The Intercept Brasil já havia publicado um conjunto de mensagens que mostrariam colaboração entre Deltan e Moro em episódios da operação nos últimos anos.
Nesta quarta, a força-tarefa no Paraná divulgou uma nova nota sobre as mensagens vazadas. Disse que mais autoridades de outras esferas foram atacadas por hackers e que "a divulgação de supostos diálogos obtidos por meio absolutamente ilícito, agravada por esse contexto de sequestro de contas virtuais, torna impossível aferir se houve edições, alterações, acréscimos ou supressões no material alegadamente obtido".
"Além disso, diálogos inteiros podem ter sido forjados pelo hacker ao se passar por autoridades e seus interlocutores. Uma informação conseguida por um hackeamento traz consigo dúvidas inafastáveis quanto à sua autenticidade, o que inevitavelmente também dará vazão à divulgação de fake news."