SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um dia depois de questionar se "não está na hora de termos um ministro do STF evangélico", em evento da igreja Assembleia de Deus em Goiânia, o presidente Jair Bolsonaro citou neste sábado (1º) um "Brasil de todas as religiões" nas redes sociais.
"O Brasil de todas as religiões sabe que a liberdade é o bem maior de um povo. Brasileiro, olhe o que Israel não tem e o que eles são", publicou Bolsonaro, que visitou o país de maioria judaica em abril.
"Veja o que nós no Brasil temos, e o que não somos. Juntos, com fé, muito trabalho e oração, colocaremos nossa Pátria no local destaque que merece."
A postagem é acompanhada de um vídeo do Centro Dom Bosco, entidade de fiéis católicos, com cenas de pessoas com terços nas mãos e rezando a Ave Maria, durante uma manifestação favorável ao presidente.
"Quanta alegria nesta primeira manhã após o mês de maio ver Nossa Senhora estampada na página de nosso presidente Jair Messias Bolsonaro!", publicou o centro em seu perfil nas redes sociais.
No dia anterior, Bolsonaro participou da Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil ao lado do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM).
O assunto STF foi abordado por Bolsonaro quando ele mencionou o julgamento sobre a criminalização da homofobia. "Existe algum entre os 11 ministros do STF evangélico, cristão?", indagou.
Pedindo desculpas ao STF, a quem disse que não pretendia atacar, disse: "Desculpa o Supremo. Eu jamais atacaria um outro Poder, mas não estão legislando?"
Bolsonaro disse que o Estado é laico, mas ele, cristão. "Se me permitem plagiar a ministra Damares, eu também sou terrivelmente cristão", falou.
Em nova crítica à imprensa, disse: "Não me venha a imprensa dizer que quero misturar a Justiça com religião".
Ele questionou: "Será que não está na hora de termos um ministro do STF evangélico?".
Bolsonaro encerrou o discurso de 17 minutos sob fortes aplausos e gritos de "mito", que por algumas vezes interromperam sua fala. "A palavra, a fé, tem que estar presente em cada instituição do Brasil", disse.
Depois da fala, o ministro do Supremo Alexandre de Moraes rebateu o presidente, num evento em São Paulo.
"Não há nada de legislar. O que há é a aplicação, a efetividade da Constituição, [que é] protetiva de uma minoria que no Brasil sofre violência tão somente por sua orientação sexual", afirmou Moraes.
"O Brasil é o quarto país do mundo com maior índice de agressões a pessoas tão somente em virtude de sua orientação sexual. Não é possível continuar com isso", diz o magistrado.