Em suas primeiras manifestações após a prisão de três aliados de Marcelo Álvaro Antônio, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que vai analisar o caso supostamente vinculado ao ministro do Turismo assim que voltar ao Brasil e que, caso haja algo robusto, tomará providências.
— Até segunda-feira, está (no cargo). Até segunda-feira, os 22 são ministros — respondeu o presidente à pergunta sobre se Álvaro Antônio continuará no posto.
As prisões foram feitas pela Polícia Federal na última quina-feira em decorrência das investigações de candidaturas laranjas do PSL, partido do presidente, caso revelado pela Folha de S.Paulo em fevereiro.
Bolsonaro está em viagem ao Japão e deve chegar ao Brasil neste domingo (30). Ele disse que no dia seguinte se reunirá com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, a quem a Polícia Federal (PF) está subordinada.
— Por enquanto, não tem nada. Uma vez tendo, como conversado com Moro lá atrás, qualquer coisa mais robusta contra uma ação irregular de um ministro, as providências vão ser tomadas da nossa parte — afirmou Bolsonaro.
O presidente disse que já determinou a Moro que amplie as investigações para todos os partidos que tenham tido exemplos de candidatas que receberam alto volume de recursos públicos eleitorais, com votação ínfima, clássico indicativo de que as campanhas foram de fachada.
— Determinei à PF que investigue todos os partidos onde candidatas receberam quantidades enormes e tiveram votos mínimos. Tem que valer para todo mundo. Não ficar fazendo pressão em cima do PSL para tentar me atingir — afirmou o presidente, em entrevista coletiva, dizendo haver casos tão ou mais graves em outras legendas.
Desde que o caso das candidaturas laranjas do PSL veio à tona, Bolsonaro tem dito que aguarda o avanço das investigações para tomar alguma medida.
A repercussão do episódio já resultou na saída de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência.
A polícia também investiga suspeita de esquema de laranjas no PSL de Pernambuco, Estado do presidente nacional da sigla, o deputado Luciano Bivar.
Também em reportagem de fevereiro, a Folha de S.Paulo mostrou que candidatos com votações pífias receberam ao menos R$ 15 milhões em dinheiro público dos fundos partidário e eleitoral.
O cruzamento de dados da Justiça Eleitoral mostrou 53 candidatos — sendo 49 mulheres — que receberam mais de R$ 100 mil para financiar suas campanhas, mas saíram das urnas com menos de mil votos.
Eles pertencem a 14 partidos, com predomínio de Pros, PRB, PR, PSD e MDB.
O uso de mulheres nessa situação se dá porque a lei exige que pelo menos 30% dos recursos públicos sejam direcionados às candidaturas femininas. A principal suspeita é a de que parte desses recursos seja desviada para outros candidatos ou para proveito próprio, por meio das laranjas.