A RedeTV! não exibiu entrevista feita pelo jornalista Kennedy Alencar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi alvo de críticas de aliados do petista. Foi a segunda vez que o petista falou com veículos de imprensa depois de ter sido preso em Curitiba, em abril de 2018. A primeira foi no último dia 26, quando recebeu a Folha de S.Paulo e o jornal El País, após a queda da proibição imposta pelo Supremo Tribunal Federal. A entrevista de Kennedy Alencar com Lula foi feita na sexta (3) e, segundo divulgado pelo jornalista, iria ao ar na noite deste sábado (4) na RedeTV!.
Agora, o material deve ser exibido pela BBC World News, em data ainda não definida. Kennedy afirma que publicará no seu blog "as íntegras em texto e vídeo da conversa com o petista". Na entrevista, o ex-presidente admite pedir progressão de regime para sair da prisão devido à condenação no caso do tríplex de Guarujá (SP).
Nas redes sociais, aliados de Lula criticaram a decisão da RedeTV!. Ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad publicou no Twitter a nota da emissora e questionou: "Você tem medo de quê?".
Já a deputada Maria do Rosário (PT-RS) manifestou apoio a Kennedy e Lula e disse que é "um desrespeito com ambos e com o Brasil".
Em nota, o site oficial de Lula afirmou que a própria RedeTV! havia acionado a Justiça para entrevistar o petista.
"Registre-se que emissora não só entrou com uma reclamação junto ao Supremo Tribunal Federal para garantir o direito de entrevistar o ex-presidente como gravou a entrevista", diz o comunicado.
Procurada, a emissora afirma em nota que "foi contratada no ano passado pela BBC World News e pela K.doc para gravar entrevistas para a série-documentário de três capítulos. Realizou 12 entrevistas, 3 das quais com ex-presidentes da República. A série, chamada 'What Happened to Brazil', foi transmitida internacionalmente em janeiro pela BBC".
Segundo a RedeTV!, a entrevista com Lula foi solicitada à época como parte desse projeto. "Liberada agora pela Justiça, foi gravada na última sexta-feira. A entrevista será usada pela BBC World News com exclusividade, numa sequência da produção desenvolvida no ano passado. Todos os direitos sobre imagens e direção editorial são da BBC", afirmou.
As entrevistas que foram gravadas anteriormente para a série também não foram exibidas pela emissora.