A Justiça Federal determinou o bloqueio de até R$ 128 milhões em ativos financeiros do ex-senador Aécio Neves. O valor corresponde a suposta vantagem ilícita obtida pelo político por corrupção. A decisão do juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, foi divulgada nesta terça-feira (28).
Conforme o Ministério Público Federal (MPF), durante o mandato como senador, Aécio teria solicitado a Joesley Batista, bem como ao Grupo J&F, no período entre 2014 e 2017, vantagens indevidas em quatro oportunidades, sob a promessa de favorecimento em eventual governo presidencial. Além disso, a promessa envolveria ainda influência junto ao governo de Minas Gerais, para viabilizar a restituição de créditos fiscais de ICMS em favor de empresas do Grupo J&F.
Aécio teria recebido a mesma quantia determinada no bloqueio. Parte dos recursos teria sido direcionada ao PSDB, por meio de doações oficiais, simulação de prestação de serviços, emissão de notas fiscais fraudulentas e entregas de valores em espécie. Outra parte teria sido usada para a "compra" do apoio de partidos políticos.
Segundo o MPF, são apresentados indícios de supostos delitos de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e de associação criminosa.
Na decisão, o magistrado também atendeu ao pedido do Ministério Público Federal (MPF) para bloquear cerca de R$ 226 milhões em ativos financeiros de outros 15 pessoas investigadas e cinco empresas.
Decisão é "inusitada e incomprensível", afirma defesa
O advogado de defesa de Aécio, Alberto Zacharias Toron, afirmou que apresentou recurso contra a decisão. Em nota, a defesa afirma que considera a determinação "inusitada e incompreensível". As informações são do O Globo.
Conforme Toron, os valores dizem respeito "na sua grande maioria , segundo os próprios delatores, a doações eleitorais feitas pela JBS a diversos partidos políticos em 2014. Doações, inclusive, declaradas ao TSE".
"Por fim, a defesa reafirma a falsidade das acusações feitas pelos delatores da JBS na busca desesperada pela validação de seu acordo de delação e aguarda a conclusão das investigações para o restabelecimento da verdade", complementa a nota.