O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), afirmou, nesta quarta-feira (1º), que recebeu um telefonema do senador e filho do presidente da República, Flavio Bolsonaro (PSL), esclarecendo o que Jair Bolsonaro quis dizer com os tuítes da terça-feira (30) sobre a Venezuela.
Em meio ao levante militar do oposicionista Juan Guaidó, que é reconhecido pelo governo brasileiro como presidente interino do país, Bolsonaro afirmou que qualquer decisão sobre a crise venezuelana seria tomada exclusivamente pelo presidente.
No final da tarde, Rodrigo Maia respondeu aos tuítes lembrando três artigos da Constituição Federal que indicam ser de competência exclusiva do Congresso Nacional autorizar uma "declaração de guerra" pelo presidente da República. Segundo Maia, Flavio Bolsonaro esclareceu a ele, na manhã desta quarta-feira, que Jair Bolsonaro não quis mencionar uma declaração de guerra.
"Isso nos tranquiliza, porque é uma postura de respeito ao Parlamento. Deixo claro que fiz apenas uma ressalva respeitosa. Não tenho nenhum interesse no conflito com o presidente. Precisamos estar juntos pra aprovar a Nova Previdência", disse Maia.
Na manhã desta quarta, Bolsonaro disse que não viu como "derrota" de Juan Guaidó o fato de o levante militar não ter culminado com a deposição de Nicolás Maduro da presidência venezuelana.
— Não tem derrota nenhuma. Eu até elogio. Reconheço o espírito patriótico e democrático que ele (Guaidó) tem por lutar por liberdade em seu país — avalia o presidente.
Ao ser questionado por repórteres sobre o uso do lado brasileiro na fronteira com país em crise, Bolsonaro disse que, por ora, não há tratativas nesse sentido. Ele reiterou, porém, que há preocupação com o aumento do preço do petróleo.
— Temos de nos preparar, dada a política da Petrobras, não intervencionista nessa parte, mas poderemos ter um problema sério dentro do Brasil como efeito colateral do que acontece lá — afirmou Bolsonaro em entrevista na GloboNews.
No início da manhã de terça, o líder da oposição venezuelana anunciou em uma rede social que havia obtido o apoio dos militares para derrubar Nicolás Maduro da presidência do país sul-americano e convocou a população a sair às ruas para pressionar o regime bolivariano. No entanto, os chefes das Forças Armadas da Venezuela mantiveram o apoio a Maduro e, no fim de um tumultuado dia de manifestações e confrontos entre população e forças de segurança, militares desertores e oposicionistas recuaram e pediram asilo a embaixadas.