Pressionado para aprovar uma lista de 11 medidas provisórias que vencem nos próximos 15 dias, o presidente Jair Bolsonaro fez um aceno ao Congresso na tarde desta segunda-feira (20). Em discurso durante evento no qual foi apresentada a campanha publicitária da reforma da Previdência, o presidente disse que seu governo valoriza o Poder Legislativo.
— Temos cinco deputados federais entre eles (ministros). Nós valorizamos, sim, o parlamento brasileiro, que vai ser quem vai dar palavra final nesta questão da Previdência, tão rejeitada nos últimos anos — disse, ao elogiar seu time de 22 ministros.
Diante da possibilidade de o Congresso apresentar um projeto novo para modificar a Previdência, Bolsonaro disse ainda esperar que o texto passe "com o menor número de emendas".
— Pretendemos que a nossa reforma saia de lá com o menor número de emendas aprovadas — afirmou.
O tom de afago usado por Bolsonaro em Brasília difere de uma fala sua feita na manhã desta segunda, no Rio de Janeiro, de que "o grande problema do Brasil é a classe política". A declaração foi feita durante almoço oferecido pela Firjan (Federação da Indústria do Rio de Janeiro).
— O Brasil é um país maravilhoso, que tem tudo para dar certo. Mas o grande problema é a nossa classe política — disse ele, ao pedir apoio do governador e do prefeito do Rio, Wilson Witzel (PSC) e Marcelo Crivella (PRB), respectivamente.
— É nós, (sic) Witzel, é nós, (sic) Crivella, sou eu, Bolsonaro, é o Parlamento, em grande parte, é a Câmara Municipal, é a Assembleia Legislativa. Nós temos que mudar isso.
Relação de desgaste
Às vésperas de completar cinco meses como presidente, Bolsonaro enfrenta uma relação de desgaste na relação com o Legislativo e ainda não conseguiu consolidar uma base de apoio. Na semana passada, sua gestão sofreu uma derrota ao ver uma maioria esmagadora aprovar a convocação do ministro Abraham Weintraub (Educação) para dar explicações sobre corte de gastos.
A apresentação de Weintraub ocorreu no mesmo dia em que manifestantes marcharam em ao menos 170 cidades brasileiras contra a redução de 30% das verbas das pastas.
Ainda no evento, Bolsonaro agradeceu nominalmente os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Ele disse ainda que gostaria de receber mais os parlamentares, mas argumentou "falta de agenda".
— Só não recebo mais por falta de agenda, mas gostaria de continuar a conversar com o maior número possível de vocês para que possíveis equívocos, possíveis melhoras nós possamos, junto ao Parlamento brasileiro — afirmou.
O evento de apresentação de nova etapa da campanha em defesa à reforma da Previdência foi marcado por acenos ao Congresso feitos também pelos ministros Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo), e Onyx Lorenzoni (Casa Civil).
Apesar dos acenos, estão marcadas para o dia 26 de maio, domingo, manifestações de rua em várias capitais do Brasil em apoio a Bolsonaro.