Presidente da Câmara dos Deputados e forte articulador da aprovação da reforma da Previdência, Rodrigo Maia (DEM-RJ) falou sobre as últimas polêmicas envolvendo Jair Bolsonaro, seus filhos e o vice-presidente, Mourão. As declarações foram feitas em uma entrevista concedida ao BuzzFeed News, na residência oficial de Maia.
Sobre as recentes notícias envolvendo o Twitter do presidente, em que uma nota da revista Época afirmou que Carlos Bolsonaro teria impedido o pai de acessar a rede, Maia afirmou que não acha "impossível".
— Eu acho que pode ser verdade, você não acha? Não me parece verdade, mas eu não acho impossível ser. Eu até acho que não é, acho que o filho não vai a tanto, pois aí seria uma relação… Aí precisaria internar… — afirmou.
Em relação as atitudes de Carlos nas redes sociais, Maia acredita que "Bolsonaro é que comanda" o comportamento.
— Ninguém fica preocupado com Carlos, todo mundo tem convicção de que o Bolsonaro é que comanda isso. E eu não acredito, e ninguém acredita mais, que é o Carlos que comanda esse jogo.
— Alguém coloca aquilo do golden shower sem o pai ver? O filho pode ser doido à vontade, mas num negócio daquela loucura só com autorização do dono da conta — complementa.
Ele também afirmou que a entrada precoce de Carlos Bolsonaro na política pode ter afetado o seu discernimento:
— O Bolsonaro colocou o filho com 17 anos para disputar contra a própria mãe desse filho. Ele derrotou a mãe para vereador. Isso deve ser normal na cabeça de um ser humano? Derrotar uma mãe com 17 anos? Isso deve ter gerado muito problema na cabeça do Carlos.
Maia diz não achar que a trama que envolve críticas de Carlos ao vice-presidente Mourão influencie no Congresso, mas pode soar mal para possíveis investidores:
— Não acho que atrapalha muito, não. Mas temos que tomar cuidado para não entrar nessa briga. Quem vai investir no país e vê o filho do presidente batendo no vice questiona isso. Acho que pode gerar insegurança em alguns atores que estão mais distantes. Para quem está aqui perto, todo mundo sabe que é uma briga idiota.
Maia também falou sobre um possível deslumbramento, na visão de parlamentares, de outro filho, Eduardo.
— Ele não era nada, era um deputado do baixíssimo clero, o pai vira presidente, ele passa a ser chamado pela equipe do Trump, pela equipe de não sei o quê… Um pouquinho de vaidade é um direito, não é? Não vamos exagerar também, achar que ele não pode ter um momento de deslumbramento. Quem é que nunca teve?
Reforma da Previdência
Para Maia, o presidente começou a entender que precisa articular melhor com os depuitados para aprovar a reforma da Previdência. O Executivo está longe de alcançar os 308 votos necessários, mas estaria melhorando sua relação com parlamentares. Nesse sentido, ele elogiou Onyx Lorenzoni, da Casa Civil.
Conforme Maia, a principal preocupação dos deputados é de serem deixados de laco depois de aprovarem a proposta.
— Por que todo mundo quer aprovar a Previdência, todo mundo é a favor. Agora o deputado tem medo de dar R$ 1 trilhão para o presidente e amanhã ficar como? No deserto?