O governo brasileiro denunciou, nesta segunda-feira (15), o tratado que criou a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), o primeiro passo formal para a saída do país da aliança internacional. A ação do Brasil foi informada em nota pelo Ministério das Relações Exteriores.
Formalizada a intenção, o processo de saída do bloco será concluído após seis meses, conforme a regra estabelecida no tratado da Unasul. O Brasil fez o comunicado oficial no dia em que o chanceler Ernesto Araújo participou de uma reunião do Grupo de Lima em Santiago, no Chile.
A União de Nações Sul-Americanas foi criada em 2008 pelos presidentes que então eram os maiores expoentes da esquerda na América do Sul: Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Cristina Kirchner (Argentina) e Hugo Chávez (Venezuela). O objetivo do órgão era aprofundar a integração regional, mas sem a influência dos Estados Unidos.
No entanto, a chegada ao poder nos últimos anos de vários políticos de direita nos principais países da América do Sul acentuou o esvaziamento da Unasul, que desde 2017 vive uma situação de paralisia.
Em janeiro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro se uniu a uma iniciativa encabeçada pelos governos de Sebastián Piñera (Chile) e Iván Duque (Colômbia), de lançamento de um novo bloco regional para substituir a Unasul. A ação culminou numa reunião em Santiago, no final de março deste ano. Na ocasião, os governos do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai e Peru defenderam a criação do Foro para o Progresso da América do Sul (Prosul).
Na nota desta segunda-feira, o Itamaraty diz que o Prosul terá estrutura "leve e flexível, com regras de funcionamento claras e mecanismo ágil de tomada de decisões". "Terá, ainda, a plena vigência da democracia e o respeito aos direitos humanos como requisitos essenciais para os seus membros", afirma o ministério.
O objetivo do novo bloco é se contrapor à Unasul e, com isso, isolar ainda mais o regime de Nicolás Maduro na Venezuela.
Além de Brasil, Argentina e Venezuela, fazem parte da estrutura original da Unasul Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname e Uruguai. Os colombianos formalizaram sua intenção de abandonar a Unasul em agosto do ano passado. Nos últimos dias, Paraguai e Argentina também iniciaram os trâmites para deixar a Unasul.