O presidente Jair Bolsonaro parabenizou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por ter recuado da decisão de censurar reportagem da revista Crusoé que envolve o presidente da Corte, Dias Toffoli. Em transmissão de vídeo pelas redes sociais na noite desta quinta-feira (18), o presidente também reforçou que a imprensa é necessária para que “a chama da democracia não se apague”.
Bolsonaro se referia à decisão de Moraes que suspendeu entendimento anterior dele próprio, proferido na última segunda (15), que determinava à revista eletrônica Crusoé e ao site O Antagonista a retirada do ar da reportagem sobre o “amigo do amigo do meu pai”, sobre suposta relação entre Odebrecht e Toffoli.
Após a primeira decisão de Moraes, Bolsonaro já havia publicado mensagem com uma crítica indireta ao posicionamento do ministro. "Acredito no Brasil e em suas instituições e respeito a autonomia dos poderes, como escrito em nossa Constituição. São princípios indispensáveis para uma democracia. Dito isso, minha posição sempre será favorável à liberdade de expressão, direito legítimo e inviolável", escreveu.
Na transmissão desta quinta, o presidente fez menção a um pronunciamento feito em São Paulo, quando destacou que “a imprensa funcionando, mesmo com alguns percalços, é importante para que se mantenha a chama da democracia”.
— É aquela velha história, é melhor uma imprensa às vezes capengando do que sem ter imprensa — sustentou.
A censura à revista também foi criticada por integrantes do STF. Nesta quinta, o decano da Corte, Celso de Mello, se manifestou sobre o caso.
— A censura, qualquer tipo de censura, mesmo aquela ordenada pelo Poder Judiciário, mostra-se prática ilegítima, autocrática e essencialmente incompatível com o regime das liberdades fundamentais consagrado pela Constituição da República — afirmou.
Na mesma linha, o ministro Marco Aurélio Mello classificou a decisão de Moraes de mordaça e disse que aguardaria um recuo dele. Em entrevista à Rádio Gaúcha, Marco Aurélio disse ainda que, na opinião dele, a maioria dos ministros do Supremo era contra a determinação de Moraes de retirada de reportagens.