O clima tenso entre os presidentes do país Jair Bolsonaro e da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia deve arrefecer nos próximos dias. Essa é a expectativa do líder do governo na Casa, Major Vitor Hugo (PSL-GO), que concedeu entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quinta-feira (28).
— A estabilidade do país depende da harmonia entre os poderes, e isso passa pelo relacionamento entre os dois chefes de poderes nesses embates que estão sendo retratados na imprensa — avalia o major.
Para ele, os próximos dias devem ser de conciliação.
— Eu vejo pontes para o futuro muito boas, só olhar o passado dos dois. Ambos foram parlamentares do Rio de Janeiro. Eles conviveram por várias legislaturas. Durante o processo eleitoral para a Câmara, o presidente da República fez gestos para todos os candidatos, mas em razão da convivência anterior, chamou ele (Maia) de amigo, de colega de Câmara. Então, acho que tem muito mais motivos para união. Inclusive porque, por exemplo, as teses econômicas do governo coincidem muito com as teses históricas do Rodrigo Maia, que tem feito um grande trabalho, vamos dizer assim, blindagem, de qualquer conturbação na tramitação da PEC da Previdência — complementa Vitor Hugo.
Ele disse que um almoço entre Bolsonaro e Maia foi pensado dias atrás, mas não ocorreu. Outro encontro do tipo não está descartado, embora não exista sinalização oficial, para os próximos dias.
Sobre a expectativa de andamento da PEC sobre a reforma da Previdência, o líder do governo disse que é preciso paciência, pois o "tempo político não é nosso tempo normal".
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— É melhor que haja discussões e que não ocorra nenhum atropelo jurídico para não gerar questionamentos depois sobre a forma como foi aprovada e até alguma inconstitucionalidade — pontuou, acrescentando que a escolha de quem será o relator da CCJ sobre a matéria também está sendo feita com cautela.
O Major Vitor Hugo também foi indagado sobre declarações do líder de seu partido, delegado Valdir, de que não haveria consenso na bancada do PSL sobre o apoio a reforma. Ele argumentou que pediu ao colega de sigla que evite falas discordantes.
— Isso gerou incomodo dentro do PSL e do governo. Temos de partir do pressuposto, já explícito, de que o partido do presidente apoia suas propostas.
Quando o assunto foi a possibilidade de o ministro da Economia Paulo Guedes deixar o cargo, já que manifestou descontentamento com as celeumas criadas em razão das chamadas pautas-bomba em tramitação no Congresso, o major disse acreditar que isso não se concretize
— Tenho esperança de que ele saberá superar esses momentos de tensões, não vai se abalar a despeito de qualquer dificuldade. A função de ministro tem caráter político — destacou Vitor Hugo.