Investigado na nova fase da Operação Lava-Jato, o ex-chanceler e ex-senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) pediu demissão de seu cargo na gestão do governador João Doria (PSDB-SP) nesta terça-feira (19).
Ele era presidente da Investe SP, agência de estímulo a investimentos no Estado, e entregou sua carta de demissão em reunião nesta tarde.
Aloysio foi alvo de uma nova fase da Operação Lava-Jato nesta terça. Ele diz ser inocente da acusação de que teria recebido um cartão de crédito de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, apontado como operador do PSDB e que teria, de acordo com o Ministério Público Federal, negociado propinas da construtora Odebrecht.
Em sua carta de demissão, o político tucano afirma que "foi surpreendido" com a ação da PF, que fez busca e apreensão em sua casa em São José do Rio Preto (SP). Disse não ter tido acesso ao inquérito e que está com a consciência tranquila. Afirma, porém, que "fato incontornável é a repercussão negativa desse incidente, que me mortifica a mim e à minha família, e que também pode atingir o governo de Vossa Excelência". Considerando que o processo poderá ter "duração imprevisível", ele pede para deixar o cargo e agradece a Doria.
Aliados do governador tucano defendiam a aplicação do "protocolo Kassab" para lidar com acusações graves contra subordinados na gestão estadual. Ele se refere à licença combinada entre Doria e Gilberto Kassab, líder do PSD, que foi um de seus principais aliados na disputa estadual de 2018 e indicado para assumir a Casa Civil estadual.
No fim do ano, Kassab foi alvo de uma operação da Polícia Federal. Pediu para se licenciar enquanto durarem as investigações, o que na prática o afasta praticamente de forma definitiva do governo.
O ex-chanceler era um dos dez antigos membros de primeiro escalão do governo Temer a ocupar cargos na gestão Doria. Sua indicação visava agradar a velha guarda do PSDB paulista, que perdeu controle do partido com a campanha de Geraldo Alckmin à Presidência em 2018. Doria emergiu como líder de uma nova safra de nomes do partido, o que desagrada essa ala tucana.