Alvo de prisão pela Operação Lava-Jato nesta terça-feira (19), o ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A) Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, é suspeito de manter um bunker para guardar dinheiro em espécie, onde manteria cerca de R$ 100 milhões, segundo o Ministério Público Federal (MPF). O relato sobre o local foi feito pelo empresário Adir Assad, que operava propina para a empreiteira Odebrecht e fez acordo de delação premiada com a força-tarefa.
Assad teria visitado o local diversas vezes. A delação dele foi um dos elementos usados para deflagrar a operação desta terça-feira.
A Lava-Jato investiga o papel de Paulo Preto em favor da Odebrecht, fornecendo dinheiro em espécie para o pagamento de propinas pela empresa. Ainda segundo o delator, esse bunker, um quarto em um apartamento mantido pelo operador, seria tão cheio de dinheiro que ele eventualmente colocava as notas ao sol, para que não mofassem.
A informação foi revelada durante entrevista à imprensa nesta terça, pelo procurador da República Roberson Pozzobon.
60ª fase da Lava-Jato
Batizada de Ad Infinitum, a 60ª fase da operação cumpriu ainda mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-senador e ex-chanceler Aloysio Nunes (PSDB). Aloysio atualmente é presidente da estatal Investe SP, cargo de primeiro escalão da gestão do governador João Doria (PSDB).
A Procuradoria acusa Paulo Preto de ter movimentado pelo menos R$ 130 milhões em contas na Suíça, entre 2007 e 2017. Em uma dessas contas, segundo a Procuradoria, foi emitido um cartão de crédito em favor do ex-senador Aloysio Nunes, em dezembro de 2007 - que teria sido entregue a ele num hotel em Barcelona, na Espanha.
Na época, Aloysio era secretário da Casa Civil do Governo de São Paulo, na gestão de José Serra (PSDB). O cartão foi emitido na semana entre o Natal e o Ano Novo.