O deputado federal Nereu Crispim (PSL), que se tornou réu em ação de impugnação de mandato eletivo (Aime) que tramita no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), participou do programa Gaúcha+ na tarde desta segunda-feira (25). O caso do parlamentar transcorre em sigilo, mas trata sobre suposto abuso de poder econômico, omissão de receitas e despesas na campanha e captação ilícita de votos.
A ação foi protocolada em 7 de janeiro de 2019 por Marco Marchand (PSL), colega de partido de Crispim e segundo suplente de deputado federal da coligação. Ao fazer a análise prévia dos documentos juntados, o TRE deu andamento à ação e Crispim se tornou réu. O relator do caso é o desembargador eleitoral João Batista Pinto Silveira.
O enrosco ganhou visibilidade a partir de registros feitos pelo sargento reformado Julio Cesar Doze (PSL), candidato a deputado estadual não eleito.
Crispim e Doze fizeram acordo de dobradinha — quando dois candidatos a cargos diferentes se auxiliam na busca por votos. Doze reconheceu assinatura em cartório em um documento de seis páginas no qual afirma ter recebido dinheiro de Crispim através de depósitos em contas de laranjas durante a campanha.
Questionado sobre repasses ao colega com quem fez parceria eleitoral, Crispim se restringiu a dizer suas contas foram aprovadas.
— Minha campanha foi completamente limpa, ética e econômica. Esse episódio lamentável do qual estou sendo vítima vai ser esclarecido. Quem tramou isso tudo só deseja meu mandato a qualquer custo — garantiu o Crispim, complementando:
— Eu era do povo, sofria duramente trabalhando para pagar meus impostos. Eu não sou político, estou político. Eu sofri violência, fui assaltado em saidinha de banco e só ingressei na política por revolta.
Demonstrando ansiedade, pois afirmou que teria compromisso no plenário, o deputado pediu objetividade dos jornalistas. Segundo ele, explicações serão dadas no processo.
Ao ser questionado se ainda mantém contato com Doze, relatou de maneira genérica que todos os candidatos do partido, eleitos e não eleitos, conversam entre si. Crispim afirmou que declarou todas as suas movimentações, inclusive o repasse de material de campanha ao sargento reformado, porém, não há registros dessas operações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
— Olha lá, procura que tem de estar lá — disse Crispim.
Em seguida, foi questionado sobre os motivos pelos quais acredita que sua sigla tem se envolvido em problemas com prestação de contas, como no caso da ex-presidente do partido Carmen Flores. Crispim alegou não conhecer o caso de Carmen e afirmou que os responsáveis por questões desse tipo são as lideranças do PSL.