O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, comparou armas de fogo a liquidificadores ao falar sobre a posse de revólveres e pistolas em casas com crianças. A analogia foi feita para justificar que basta que os pais façam uma declaração de boa fé para garantir que têm um local seguro em casa para armazenarem armas.
— Quem tem criança pequena, adolescentes ou pessoas com deficiência mental tem que haver um cuidado redobrado com arma. Às vezes a gente vê crianças pequenas que colocam o dedo no liquidificador, ligam o liquidificador, vai lá e perde o dedinho. E daí, nós vamos proibir o liquidificador? É uma questão de educação e de orientação. Nós colocamos isso para mais uma vez alertar e proteger as crianças e os adolescentes — disse o ministro.
A declaração foi feita durante conversa com jornalistas nesta terça-feira (15) para explicar detalhes sobre decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro que flexibiliza a posse de armas no Brasil. Uma das exigências do texto é para que os solicitantes da posse que tiverem crianças, adolescentes ou pessoas com deficiência mental em casa apresentem uma declaração de que a residência possui cofre ou local seguro com tranca para armazenamento.
Onyx disse que o decreto foi feito numa tentativa de o governo acreditar na "boa fé" dos cidadãos, já que a Polícia Federal (PF), que é quem autoriza a posse, não terá como verificar as exigências feitas na lei.
— Pela primeira vez o cidadão vai chegar na frente da autoridade da publica, mas a declaração essa autoridade é obrigada a acreditar no cara. Se o cara mais adiante comprovar que não tem, ele perde a arma — afirmou.
Segundo o ministro, o local seguro dependerá apenas da afirmação do requerente da posse.
— O cidadão vai declarar. Se ele disser que tem cofre, tem cofre. Se ele disser que tem um compartimento com tranca, está valendo — disse.
A flexibilização do porte de armas é uma promessa de campanha de Bolsonaro. Poucos dias antes de assumir a Presidência, ele usou as redes sociais para informar que usaria um decreto para modificar as regras. Entre outros pontos, o texto publicado nesta terça aumenta o prazo de 5 para 10 anos de validade do registro.