O presidente Jair Bolsonaro determinou aos 22 ministros do governo, nesta quinta-feira (3), que seja feito um pente-fino nos recursos repassados pela gestão de Michel Temer, especialmente nos últimos 30 dias. Segundo o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, "o alto volume" de movimentação financeira chamou atenção. Bolsonaro também pediu um levantamento do número de imóveis da União e deu carta branca para que os ministros exonerem servidores sem estabilidade que foram indicados nos últimos governos.
A reunião ministerial durou mais de três horas, no Palácio do Planalto. Foi o primeiro encontro de Bolsonaro, após a posse, com os 22 ministros. Em coletiva de imprensa, Onyx disse que houve "movimentação incomum de exonerações e indicações nos últimos 30 dias" e que a revisão dos últimos atos do governo anterior buscará o destino de repasses e a revisão sobre a necessidade dos atos.
— Foi solicitado que todos os ministros façam revisão, pasta por pasta, de exonerações, transferências, e também sobre a movimentação financeira dos últimos 30 dias, particularmente dos últimos 15 dias. O alto volume (financeiro) causou estranheza, o presidente quer um relatório de cada um (dos ministros) para saber para onde foi o dinheiro, por que foi e se tem suporte — explicou.
A equipe ministerial voltará a se reunir na próxima terça-feira (8), quando os primeiros dados e projetos solicitados por Bolsonaro já deverão ser apresentados. O levantamento de imóveis, por exemplo, servirá para uma futura redução da estrutura.
— Queremos racionalizar e permitir a venda destes imóveis. As primeiras informações são gigantescas, a União teria cerca de 700 mil imóveis — pontuou, destacando que, mesmo com imóveis próprios, o governo federal possui contratos como locatário.
De acordo com Onyx, a ideia do governo federal seria centralizar em cada capital brasileira em uma "Casa Brasil", onde seriam reunidas "todas as estruturas dos ministérios, da administração direta, com o objetivo de racionalizar o uso e, depois, permitir a venda desses imóveis".
Exonerações
Um dos primeiros atos de Onyx na Casa Civil foi a exoneração de 320 ocupantes de cargos de confiança, publicada no Diário Oficial da União desta quinta. Segundo ele, todos os ministros estão autorizados a fazer o mesmo, que ele chama de "desaparelhar" o governo.
— Nós estamos tendo a coragem de fazer o que talvez tenha faltado ao governo que terminou no dia 31, de, logo no início, ir limpando a casa, que é o único de jeito de tocar nossas ideias, nossos conceitos — sustentou.
O chefe da Casa Civil negou que a medida seja uma "caça às bruxas".
— Justamente, para não ter (caça às bruxas) é que nós exoneramos todos. O primeiro critério é técnico, competência, e depois nós faremos uma análise de quem indicou, por que indicou — disse o ministro, que ressaltou não ver "nenhum sentido" em o governo manter em seus quadros pessoas que não defendam as bandeiras da gestão.
O ministro afirmou ainda que o governo utilizará os mesmo critérios adotados na escolha de ministros para indicar os demais cargos de confiança, inclusive nos Estados. Também prometeu revisar a situação dos conselhos de indicados pelo governo federal, que, na avaliação do ministro, possuem "um volume muito grande de pessoas".
— São conselhos que se sobrepõem, são repetidos, em ministérios diferentes, que têm basicamente a mesma função. Vai ter um pente fino dos conselhos que atuam junto à administração direta — afirmou Onyx.
Sobre o anúncio de Bolsonaro envolvendo as concessões na área de infraestrutura, definidas ainda na gestão de Temer, Onyx disse que não tem detalhes e que a reunião serviu apenas para dar início a um levantamento de possíveis licitações na área.