O Palácio do Planalto confirmou, no início da noite desta quinta-feira (10), a demissão de Alex Carreiro da presidência da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a indicação do embaixador Mario Vilalva para o seu lugar.
Vilalva ingressou no Itamaraty em 1976 e, atualmente, é embaixador do Brasil em Berlim. Foi assessor direto dos ministros Celso Amorim (governo Lula) e Luís Felipe Lampreia (governo FHC).
Diante do impasse, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com Mário Vilalva no Palácio do Planalto. Em sinal de apoio, Bolsonaro posou para fotos ao lado de Vilalva e do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, responsável pela indicação e pela demissão de Carreiro. O ex-presidente da Apex se recusava a deixar o cargo até uma decisão do presidente da República.
O novo embaraço na Apex, envolvendo Carreiro, iniciou especulações na agência de que o próximo a ser substituído seria o próprio Ernesto. Sua participação em reuniões com Bolsonaro na tarde d, no entanto, já sinalizava o apoio do presidente ao ministro, de acordo com fontes do Planalto.
Desde o anúncio da demissão, Carreiro mostrou a deputados do PSL troca de mensagens pelo WhatsApp que comprovariam que ele não pediu para sair como informou o ministro nas suas redes sociais, mas foi forçado a deixar o cargo na Apex.
Nesta quinta, Carreiro também procurou interlocutores no Palácio do Planalto para apresentar sua versão. Segundo assessores de Bolsonaro, ele não foi recebido pelo presidente da República. Ernesto Araújo, por sua vez, teve uma reunião com o ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional, GSI) logo no início da manhã.
Impasse
Ao longo do dia, Carreiro despachou normalmente no prédio do órgão. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, ele não aceitava ser demitido por Araújo e decidiu continuar atuando enquanto não for exonerado por Bolsonaro.
A Apex confirmou, em nota, que Carreiro "nomeado para o cargo pelo presidente da República", cumpriu expediente normal na agência hoje, "tendo efetuado despachos internos e recebido para audiências autoridades de Estado". A agência, no entanto, não informou quem foram as autoridades recebidas pelo presidente.
Na quarta, Ernesto Araújo disse, no Twitter, que Carreiro pediu "o encerramento de suas funções como presidente da Apex". No mesmo tuíte, Araújo disse que tinha indicado o embaixador Mário Vilalva a Bolsonaro.
Interlocutores de Carreiro, no entanto, alegaram que não foi isso que ocorreu. Carreiro teria se reunido com Araújo para reclamar de outra indicação de Bolsonaro para a agência, a diretora de Negócios Letícia Catel, que atuou como assessora de imprensa durante a transição.
De acordo com fontes, Letícia, que é próxima de Araújo, não gostou de Carreiro ter exonerado 18 pessoas em menos de uma semana no governo e queria reverter as exonerações. Na reunião, Araújo sugeriu que Carreiro pedisse demissão, mas ele se negou. Ao sair do encontro, o chanceler publicou o tuíte. Carreiro viu nisso uma tentativa de criar um "fato consumado" e forçá-lo a sair do cargo.