Prestes a deixar o Senado, após 24 anos de mandato, Romero Jucá (MDB-RR) garante que não se abalou com a derrota nas urnas, em outubro. Com discurso firme, faz planos para 2019 e afirma que não teme a perda da imunidade parlamentar – já que, sem mandato, deixará de ter foro privilegiado a partir do ano que vem.
Em visita ao seu Estado natal, Jucá conversou com GaúchaZH na manhã desta segunda-feira (17). Na entrevista, entre críticas ao ex-procurador-geral Rodrigo Janot e ao que chama de "criminalização da política", partiu em defesa do presidente Michel Temer, garantindo que a história "vai reconhecer" os méritos do colega de partido que, em 1º de janeiro, deixa o cargo máximo da República.
— O presidente Michel Temer foi muito importante para o Brasil, e a história vai reconhecer isso (…) Ele foi, é e será avaliado pela história brasileira como um grande presidente — disse.
Leia a entrevista:
Qual a sua avaliação da primeira semana de intervenção federal em Roraima?
Era o único caminho que havia para pagar o custeio de Estados e municípios. Ao intervir, Roraima se tornou, em tese, um organismo federal, mesmo que provisório. Aí conseguimos R$ 225 milhões com o governo federal para pagar parte dos salários e o ICMS das prefeituras que a governadora (Suely Campos) meteu a mão. Ela não estava obedecendo a obrigação constitucional, e as prefeituras também atrasavam pagamento de salários. O presidente Michel Temer entendeu, e relatórios de órgãos de informação recomendaram a intervenção, junto com o Ministério Público e o Ministério Público Federal. Então tivemos um somatório de preocupações que definiram o processo de intervenção. Temer respeitou a autonomia e individualidade do povo de Roraima e resolveu nomear como interventor, o governador eleito (Antonio Denarium, do PSL), eleito pelo voto. A situação era de calamidade e o presidente Temer agiu corretamente.
Qual a sua avaliação do fim do governo Michel Temer, nos dois anos em que ele esteve à frente do país?
O presidente Michel Temer foi muito importante para o Brasil, e a história vai reconhecer isso. Assumimos um país quebrado e em direção a uma catástrofe econômica e social. O final do governo da Dilma (Rousseff) levou o Brasil para as piores avaliações nacionais e internacionais. Tivemos ainda a maior recessão da história do Brasil no final do mandato dela. Portanto, o presidente Michel assumiu, colocamos a economia no rumo, temos hoje os menores índices de risco do país. Recuperamos o lucro das estatais, a seriedade... O presidente fez as reformas necessárias, mas ele foi atingido por conta de uma situação armada pelo Rodrigo Janot. A tentativa de criminalizar a política. Esse processo vai ser concluído nas investigações. Demora ainda, mas tenho certeza que vai separar o joio do trigo, quem tem culpa de quem não tem. O presidente Michel foi, é e será avaliado pela história brasileira como um grande presidente.
O senhor não foi eleito por pouco mais de 400 votos. Foi afetado por essa "criminalização da política"?
Claro, com certeza. Os políticos que tinham mandato disputaram eleição com uma conjuntura extremamente adversa. Todos nós tivemos que enfrentar a criminalização da política e isso foi ampliado por alguns órgãos de imprensa, capitaneados pela TV Globo, que fez uma cruzada contra a política. O que é um erro. Quando se mata a política, o que sobra é a aventura. Além dessa situação, a gente tem aqui a questão dos venezuelanos, que é muito grave e foi um tema muito forte na eleição, e usaram isso contra mim. E no período de campanha tivemos aqui 46 blecautes de energia. A Venezuela estava cortando energia propositalmente, para criar tumulto aqui em Roraima. Isso também me afetou. Pessoas foram afetadas, mas paciência. Quando se entra na política, se entra para ganhar ou para perder. Não culpo ninguém, estou tranquilo.
E para 2019, quais os planos?
Sigo presidente estadual do MDB, maior partido do Brasil. Vou trabalhar, sou economista. Vou continuar atuando pelo Estado, articulando em Brasília. E temos um ano para trabalhar a eleição de 2020.
Preocupa perder o foro privilegiado?
De forma nenhuma. Eu estou tranquilo. Cinco investigações contra mim foram arquivadas. Janot abriu várias investigações sobre o mesmo assunto, exatamente para criar volume. Faz parte da estratégia dele de criminalizar a política. Mas to muito tranquilo, não fiz nada de errado.