O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, encontrou nesta sexta-feira (28), no Rio de Janeiro, o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro. A reunião aconteceu a portas fechadas e contou com a participação dos futuros ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Paulo Guedes (Economia).
Apenas cinegrafistas de emissoras de TV do país e jornalistas estrangeiros puderam acessar o Forte. A pauta do encontro foi a relação bilateral entre Brasil e Israel.
Na saída da reunião, Netanyahu destacou o início de uma "nova era" nas relações entre Israel e o Brasil.
— Há uma grande troca com Bolsonaro. Estou feliz que podemos iniciar uma nova era entre Israel e a grande potência chamada Brasil. É a primeira visita de um primeiro-ministro israelense ao Brasil na história, difícil crer que esse encontro não ocorreu antes. Os laços de fraternidade e a aliança que o presidente mencionou são reais e podem nos levar a longas distâncias. Israel é a terra prometida e o Brasil é a terra da promessa de futuro — declarou Netanyahu.
— Esse encontro de chefes de Estado brevemente se fará presente em forma de benefícios para todos nós aqui no Brasil — afirmou Bolsonaro, citando prováveis parcerias com Israel nas áreas de tecnologia, agricultura, segurança e Forças Armadas.
Relações bilaterais
Israel é um parceiro estratégico para o novo governo do Brasil. Segundo Bolsonaro, em janeiro, o futuro ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, visitará estações de dessalinização de água, plantações e o escritório de patentes de Israel. "A parceria Brasil-Israel que beneficiará o nosso Nordeste está muito bem encaminhada", escreveu o presidente eleito.
Uma estação piloto, que atenderá à agricultura familiar, deve estar em operação ainda em janeiro, afirmou Bolsonaro. Também poderá ser usada tecnologia para extrair água da umidade do ar. "Poderemos, inclusive, negociar a instalação de fábrica no Nordeste para venda desses equipamentos no nosso mercado", afirmou.
O projeto de dessalinização da água, porém, já é aplicado no Brasil pela Embrapa desde 2004.
Mudança da embaixada
Durante a campanha, Bolsonaro prometeu mudar a embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jerusalém, reconhecendo a reivindicação de Israel sobre a cidade. O anúncio causou polêmica no Brasil e na própria equipe do futuro governo, uma vez que ela se choca com o posicionamento dos países árabes, que apoiam Israel, e com deliberações da ONU. Os países árabes são um mercado de US$ 13 bilhões por ano e importam principalmente produtos do agronegócio como açúcar e carnes.
A vinda de Netanyahu está sob ameaça porque os líderes dos partidos da coalizão governista fecharam um acordo para dissolver o Parlamento e realizar novas eleições em abril do próximo ano. Essa medida foi necessária depois que a coalizão não conseguiu apoio para aprovar uma legislação que convoca judeus ultraortodoxos para o serviço militar.
O atual primeiro-ministro vai concorrer a um novo mandato e, segundo as pesquisas, é líder na intenção de votos. Seu mandato acabaria em novembro de 2019. Ele está há uma década no poder.