Dez deputados federais do Partido dos Trabalhadores (PT) e a presidente nacional da legenda, senadora Gleisi Hoffmann, estiveram na manhã desta quinta-feira (20) no acampamento em apoio ao ex-presidente Lula, em frente à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde ele cumpre pena desde abril.
Se alternaram ao microfone em discursos sobre a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, de cassar a liminar do ministro Marco Aurélio Mello que poderia livrar Lula da cadeia. Dispararam contra o STF, a juíza Carolina Lebbos (responsável pelo processo de execução penal de Lula) e os procuradores da República que integram a força-tarefa da Operação Lava-Jato.
— O que nós vimos ontem foi uma articulação forte do sistema brasileiro para não deixar Lula ser libertado —sustenta a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Segundo ela, setores da mídia, do judiciário e os procuradores da Lava-Jato se articularam para pressionar o STF a cassar a liminar.
Ao lembrar de outra tentativa frustrada de soltar Lula – o habeas corpus concedido pelo desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região Rogério Favreto em julho foi derrubado pela própria corte posteriormente - , disparou contra a juíza Carlolina Lebbos, que decidiu ouvir primeiro o Ministério Público Federal (MPF) antes de decidir sobre pedido de liberdade de Lula feito pela defesa com base na decisão de Marco Aurélio.
— Isso é grave para o país. Você ter uma determinação de um ministro da Suprema Corte e uma juíza de primeira instância desconhecer. O Poder Judiciário que não defende os direitos de Lula, não vai defender de ninguém — acrescentou.
Gleisi também lamentou a postura do presidente eleito Jair Bolsonaro de elogiar o presidente do STF que acabou mantendo a prisão após condenação em segunda instância.
— Lula é a expressão da oposição que vamos fazer ao governo de Jair Bolsonaro — destacou.
Segundo Gleisi, algumas posturas mais garantistas dos ministros do Supremo neste ano alimentavam a esperança de livrar Lula da cadeia antes do Natal. Sobre a decisão de Dias Toffoli, seu ex-companheiro de partido e indicado por Lula ao STF, a presidente do PT contemporizou:
— Ficamos surpresos, mas o ministro Dias Toffoli sofreu uma pressão consistente desde o início. Mas esperávamos que ele daria garantia à liminar.
Para a senadora, a libertação de Lula passa por uma saída política e não mais jurídica, porque, segundo ela, todas as medidas já teriam sido tomadas.
Reação de Lula
Os primeiros a falar com Lula após a decisão que acabou o deixando na prisão foram seus advogados. Gleisi Hoffmann disse que o ex-presidente estava tranquilo, sereno, mas cético.
—Não dá para dizer que isso de fato vai acontecer — teria dito Lula aos advogados, segundo Gleisi.