Prioridade do governador eleito Eduardo Leite (PSDB), o projeto de manutenção das atuais alíquotas de ICMS será usado como condição para a concessão de espaços na montagem do secretariado. Após anunciar apenas o nome do futuro titular da Fazenda, Leite irá aguardar a votação da matéria na Assembleia Legislativa, no dia 18, para só depois definir os espaços de cada legenda. Com isso, a fotografia da primeiro escalão só será conhecida pouco dias antes da posse, em 1º de janeiro.
— Ele vai esperar para ver quem realmente está compromissado com o governo — avisa um membro da equipe de transição.
O governador eleito tem procurado atuar de forma pragmática. A escolha do economista Marco Aurélio Cardoso para a Fazenda foi tratada como prioridade e fechada antes de qualquer outra discussão. Alheio às pressões da imprensa e da própria base, Leite não tem pressa.
O próprio anúncio de Cardoso só seria feito em dezembro e acabou antecipado, devido ao receio de perder o secretário para a equipe do futuro presidente do BNDES, Joaquim Levy. O ex-ministro de Dilma Rousseff (PT) pretendia aproveitá-lo na nova direção do banco no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).
Enquanto aguarda o teste de fidelidade na votação do ICMS, Leite trabalha na montagem de uma equipe técnica.
Há outros três nomes praticamente definidos. A Secretaria da Comunicação deve ficar com a jornalista Tânia Moreira, uma das chefes da campanha e que comandou a mesma pasta no início da gestão de Nelson Marchezan (PSDB) na prefeitura de Porto Alegre. Para o Planejamento, Leite tem preferência por Paulo Gastal. Ex-diretor-presidente do Movimento Brasil Competitivo e especialista em gestão, ele é natural de Pelotas e já atua como coordenador-técnico da equipe de transição. Gastal está em Londres com o tucano, participando de um curso na Universidade de Oxford.
Leite já convidou um executivo vinculado à iniciativa privada para a Secretaria da Ciência e Tecnologia. O escolhido aceitou o convite, mas ainda precisa se desvincular do emprego e formatar também o novo perfil da pasta, cujo foco deve privilegiar a inovação.
Nas secretarias de forte aspecto social, como Saúde, Educação e Segurança, Leite também gostaria de ter nomes de excelência técnica. A indicação para a Segurança ficou a cargo do vice-governador eleito, delegado Ranolfo Vieira Júnior (PTB). Ele tem discutido indicações com especialistas e só deve submeter a escolha ao tucano no início de dezembro.
Na Saúde, um dos cogitados é o sanitarista Fernando Ritter. Ligado ao PTB, ele foi secretário da Saúde de Porto Alegre nos dois últimos anos da gestão de José Fortunati e é o atual presidente da Fundação Municipal de Saúde de Canoas, cidade administrada pelos trabalhistas. Caso seja confirmado, atende à preferência técnica de Leite e ainda contempla o partido aliado de primeira hora na campanha.