Primeiro suplente do senador e presidenciável Alvaro Dias (Podemos), o empresário Joel Malucelli, se entregou ao Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público Estadual, nesta sexta-feira (14). Dono de um dos maiores grupos empresariais do Estado, ele também fez incursões na política: filiado ao Podemos, já tentou disputar o governo do Paraná. O Gaeco prendeu também, temporariamente, na terça-feira (11), o ex-governador Beto Richa (PSDB), atual candidato ao Senado. As informações são da Folha de São Paulo.
Malucelli foi alvo de um mandado de prisão temporária na terça-feira (11), mas estava em viagem de férias à Itália e era considerado foragido pelos investigadores. Ele se apresentou espontaneamente e foi encaminhado ao Complexo Médico-Penal, na região metropolitana de Curitiba — mesmo presídio que abriga os detidos na Operação Lava-Jato, como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
O empresário é suspeito de ter participado de fraudes de licitação e desvio de recursos públicos em um programa de manutenção e abertura de estradas rurais no Estado, entre 2012 e 2014.
Em um áudio anexado ao inquérito, Malucelli cita acertos para a divisão de lotes com outros empresários, feitos "antes da concorrência". Na mesma conversa, ainda são mencionados, por outros interlocutores, percentuais a serem repassados como "quotas de campanha" e "contrapartidas". Para o Gaeco, o material demonstra "a participação inequívoca do empresário no esquema criminoso".
A empresa de Malucelli perdeu a concorrência do programa, mas a suspeita dos investigadores, diante das gravações, é que ela tenha atuado por fora, mediante acerto com as empresas vencedoras.
Em nota, Malucelli afirmou que as acusações são injustas e negou qualquer irregularidade, e disse que aguardava orientação de seus advogados sobre a medida. Ele destacou que se afastou das atividades de sua empresa em 2012.
A JMalucelli Equipamentos, braço da holding acusado de envolvimento no esquema, negou veementemente a participação no esquema, e informou que não firmou contrato com o governo do Paraná no programa sob investigação.
Em nota, o senador Alvaro Dias defendeu o combate à corrupção, disse que "cada um deve responder por si" e que "não é admissível a tentativa de transferir responsabilidades para quem quer que seja". Ao se afastar da suplência do presidenciável, em julho deste ano, Malucelli havia afirmado "desconforto com as tentativas injustas iniciadas ao longo da pré-campanha eleitoral para atingi-lo e, supostamente, prejudicar Alvaro Dias".
Malucelli havia sido citado dias antes em uma delação na Operação Greenfield, acusado de pagar propina em troca de um aporte do Fundo de Investimento da Caixa Econômica, o que qualificou como "absurdo".
Além do empresário, outras 14 pessoas foram detidas temporariamente na operação do Gaeco — incluindo o ex-governador, acusado de ser o principal beneficiário dos desvios, a mulher, Fernanda Richa, e o irmão e ex-secretário de Infraestrutura, Pepe Richa. As prisões são válidas por cinco dias, e vencem neste sábado (15).
Nesta sexta-feira, o ex-governador permaneceu em silêncio durante depoimento ao Gaeco, assim como seu irmão, Pepe. A ex-primeira-dama Fernanda Richa seria ouvida na sequência.