Por 16 votos a favor e 29 contra, a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro rejeitou, em sessão extraordinária realizada nesta sexta-feira (12) , a abertura de um processo de impeachment contra o prefeito da cidade, Marcelo Crivella (PRB). Com isso, as denúncias foram arquivadas.
Dois pedidos de impeachment foram protocolados na casa, pelo vereador Átila Nunes (MDB) e pelo diretório municipal do PSOL.
Os vereadores chegaram a um acordo, antes da votação, de que o segundo pedido seria julgado prejudicado caso o primeiro fosse rejeitado. Assim, ao ser rejeitada a admissibilidade do primeiro pedido de impeachment, todos os demais caíram.
A votação
Desde antes do início da sessão, marcada para as 14h, grupos de manifestantes de ambos os lados já se colocavam nos arredores da Câmara do Rio, na Cinelândia. A troca de provocações seguiu nas galerias.
No plenário, Átila Nunes ressaltou, em seu discurso da tribuna, que Crivella não poderia governar apenas para uma parcela da população.
— Não podemos ser omissos neste momento. Diversas denúncias aconteceram neste ano e meio de mandato. Ele não pode governar para uma parcela da sociedade. Os áudios gravados são do próprio Crivella, fazendo promessas indevidas. O que decidirmos aqui vai sinalizar para as futuras administrações que se deve governar para todos — disse o vereador.
Já o líder do governo na Câmara, vereador Doutor Jairinho (MDB), considerou que o país passa por problemas muito mais graves para serem resolvidos e que a reunião de Crivella não é motivo para impeachment.
— O país passa por tantos problemas e vai se falar em reunião secreta? Quem vai dizer se ele deve governar a cidade é lá em 2020 [nas próximas eleições] e não através de golpe — disse Jairinho.
Com a rejeição do pedido de impeachment, Crivella ainda poderá enfrentar denúncia por violar o princípio do estado laico na administração muncipal e privilegiar apenas um segmento religioso em diversos atos. A ação Civil Pública foi ajuizada ontem (11) pelo Ministério Público Estadual. Se condenado, o prefeito pode perder o cargo e pagar multa equivalente a R$ 500 mil.
Crivella é acusado de oferecer vantagens a pastores. O prefeito promoveu um encontro reservado com os líderes religiosos no Palácio da Cidade, sede da prefeitura, no dia 4 de julho. Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal, discursou por mais de uma hora e exaltou o pré-candidato a deputado federal pelo PRB, Rubens Teixeira.
Áudios do encontro mostram o prefeito dizendo que, se "os irmãos" tivessem alguém na igreja com problema de catarata, era só procurar um de seus assessores.
Crivella também ofereceu auxílio em cirurgias de cataratas e varizes para fiéis, além de assistência a pastores que tivessem problemas de IPTU em seus templos.