O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse que a Lava-Jato ganhou uma projeção "exagerada e indevida". Em entrevista à GloboNews transmitida na noite de quinta-feira (14), o magistrado também afirmou que a operação levou ao desaparecimento da classe política.
— Toda essa bem-sucedida Lava-Jato, que é digna de elogios, levou também ao desaparecimento da classe política e dos partidos políticos. Por isso, passou a ter uma lógica própria. A Lava-Jato passou a propor medidas legais, questionar medidas judiciais, discutir aspectos que transcendem muito a sua própria competência e atribuição — observou o ministro.
Apesar das críticas, Mendes destacou que a operação ganhou "popularidade".
— Sobretudo, me parece que o desaparecimento do Congresso com seu papel de contemporização, de moderação e de enfrentamento muitas vezes levou que essa organização, a Lava-Jato, ganhasse uma projeção talvez exagerada e claramente indevida. Mas ganhou também popularidade — disse.
Questionado sobre os habeas corpus que concedeu a investigados na operação, Mendes ainda sustentou que o Judiciário tem de operar "dentro de uma estrutura devidamente definida, estruturada e hierarquizada".
— As exigências que nós fazemos para os decretos de prisão preventiva são exigências talvez muito estritas. Não basta dizer genericamente que há interesse para a instrução processual penal. É necessário que se tragam razões concretas — completou.