O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) teria solicitado diretamente a Marcelo Odebrecht doações para candidatos tucanos nas eleições de 2010. A conversa entre ambos estaria registrada em e-mails aos quais a Polícia Federal (PF) teve acesso, segundo a revista Veja. A troca de mensagens foi anexada, na terça-feira (5), a um dos processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Operação Lava-Jato após pedido da defesa do petista.
FHC teria contado com apoio financeiro do empreiteiro para as campanhas de Antero Paes de Barros (MT) e Flexa Ribeiro (PA) ao Senado naquele ano. Em uma das mensagens, FHC faz apelo, lembrando o empresário sobre a demanda, que já havia sido apresentada dias atrás em um jantar. Ele reforçou que Paes de Barros enfrentava dificuldades na corrida por cadeira no Senado e passou a conta-corrente da campanha do colega de partido.
Em resposta, Marcelo tranquilizou o ex-presidente, afirmando que "iria dar uma olhada na questão dos apoios". No dia seguinte, o empreiteiro enviou novo e-mail informando que encaminhou o pedido de ajuda de Paes de Barros e prometendo enviar balanço sobre as operações.
Na semana seguinte, FHC reforçou o pedido de apoio a candidaturas tucanas, desta vez incluindo o nome de Flexa Ribeiro. A solicitação foi endereçada também a Benjamin Steinbruch, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Marcelo respondeu que estava cuidando do apoio a Paes de Barros e analisando a situação de Flexa Ribeiro.
Mesmo com o pedido e confirmação de apoio financeiro à campanha de Paes de Barros, nenhum repasse da Odebrecht ou de empresas do grupo consta oficialmente na prestação de contas do então candidato, que não conseguiu se eleger.
Contrapontos
O que diz Fernando Henrique Cardoso (PSDB):
Por meio de nota, a assessoria do ex-presidente afirma que o pedido feito a Marcelo Odebrecht era "legal”.
O que diz Antero Paes de Barros (PSDB-MT):
Afirma que não recebeu doações da empreiteira.
O que diz Flexa Ribeiro (PSDB-PA):
Informou desconhecer os pedidos.