Doações ao então candidato do PSDB ao Senado pelo Mato Grosso Antero Paes de Barros Neto foram feitas por empresas ligadas ao Grupo Petrópolis, usadas pela Odebrecht para pagamentos ilegais de caixa 2 a políticos. O repasse de recursos ocorreu em 2010, supostamente após um pedido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a Marcelo Odebrecht. As informações são do jornal O Globo.
O pedido consta em um laudo da Polícia Federal (PF) anexado a uma ação penal em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é réu na Lava-Jato. Nele, há e-mails enviados por FHC, em 2010, ao empresário Marcelo Odebrecht. Nas mensagens, Fernando Henrique pede repasses para dois então candidatos tucanos ao Senado, Antero Paes de Barros (MT) e Flexa Ribeiro (PA).
O primeiro email enviado por FHC a Odebrecht é de 13 de setembro de 2010, com o assunto "pedido". Nele, o ex-presidenteenvia um "SOS". "O candidato ao senado pelo PSDB, Antero Paes de Barros, ainda está em segundo lugar, porém a pressão do governismo, ancorada em muitos recursos, está fortíssima. Seria possível ajudá-lo? Envio abaixo os dados bancários", escreve FHC.
Na planilha da Odebrecht, a citação a Antero Paes de Barros Neto relata pagamento de R$ 100 mil em 29 de setembro de 2010 para a sua campanha. As informações foram obtidas por meio de um cruzamento dos dados da planilha paralela da Odebrecht, apreendida na 23ª fase da Lava-Jato, e a prestação de contas do candidato tucano. Segundo a delação premiada de ex-executivos da Odebrecht, o Grupo Petrópolis era usado pela Odebrecht para "terceirizar" parte dos pagamentos para atender a políticos. A doação a Antero, no entanto, teria ocorrido de forma regular.
Em resposta, FHC alegou que os e-mails selecionados pela defesa do ex-presidente Lula revelam "apenas solicitações regulares de doação a candidatos, quando a legislação assim o permitia, inclusive com a indicação da conta oficial da campanha". O ex-presidente acrescentou: "Posso ter pedido, mas era legal. Não sei se deram e não foi a troco de decisões minhas, pois na época eu estava fora dos governos, da República e do Estado".