A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu a prorrogação por 60 dias de um inquérito que investiga os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR) e Eunício Oliveira (PMDB-CE) e os deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). O processo foi instaurado com base na delação da Odebrecht.
O inquérito apura suspeitas de que executivos da Odebrecht negociaram com os parlamentares vantagens indevidas em troca da elaboração, aprovação e promulgação de três medidas provisórias.
Em sua manifestação, Raquel destaca que o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no STF, autorizou à Polícia Federal (PF) acesso amplo ao sistema de comunicação ("Drousys") e de contabilidade paralela ("MyWebDay") da empreiteira. Fachin atendeu ao pedido da PF, considerado vital por delegados da corporação para o desfecho das investigações.
"Tal medida possibilitará produção de informações policiais e relatórios sobre os fatos investigados, podendo-se agregar novos elementos", observou Raquel, em despacho assinado na última segunda-feira (7).
A procuradora-geral destacou que ainda há diligências pendentes, como a realização do depoimento do executivo Carlos Parente.
Levantamento feito pela reportagem nos autos dos 80 inquéritos que tramitam atualmente no STF derivados da "lista de Fachin" aponta que, em pelo menos 32 casos, há manifestações formais de ao menos sete delegados que declaram ser indispensável uma perícia técnica nos sistemas da Odebrecht para a conclusão das investigações.
Procurada pela reportagem, a Odebrecht reiterou que "está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua".
A empreiteira informou que "assinou acordo de leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador, Panamá e Guatemala", "implantou um sistema para prevenir, detectar e punir desvios ou crimes" e "adotou modelo de gestão que valoriza não só a produtividade e a eficiência, mas também a ética, a integridade e a transparência".