Nas últimas semanas, o assunto no pequeno município de Silveira Martins, no centro do Estado, é um só: o distanciamento entre o prefeito Fernando Luiz Cordero e o vice dele, Julio Cesar Pigatto Viera, ambos do PMDB. O motivo do embate entre os dois foi o corte do salário do vice, que está sem receber o subsídio de R$ 4 mil desde julho de 2017. Cordero falou, na manhã desta segunda-feira (2), com GaúchaZH e afirma que tomou a medida porque o vice se ausentou dos rumos do Executivo municipal.
— Ele (Pigatto) deixou de vir trabalhar e acabou se ausentado sem motivo aparente. E, depois, ele me procurou alegando que tinha demandas pessoais que o impediam de se envolver nos rumos da gestão. Aí a população começou a me cobrar, né? Me restou apenas tomar essa providência (de cortar o salário). Falei com ele, agora no mês de março, e houve a garantia de que o Pigatto voltará à função — minimiza o prefeito.
O vice-prefeito também conversou com GaúchaZH e afirma que a saída dele não teve como pano de fundo questões pessoais, como afirma o colega de gestão. Pigatto diz que se ausentou por discordar dos rumos do governo. Mas, agora, ele afirma avaliar a possibilidade de voltar à composição da administração.
— Eu passei a não concordar com algumas atitudes tomadas por ele (Cordero). A verdade é que fui deixado de lado e não passei a ser consultado na tomada de decisões. Não vou prometer que eu vá voltar. Mas, sim, estou avaliando essa possibilidade.
Contudo, no mês de março, Pigatto assumiu por dez dias o cargo, já que o titular saiu em férias. Dessa vez, o vice-prefeito receberá pelos dias trabalhados, afirma Cordero:
— Eu tinha que tirar uns dias de férias e, aí, tive que pedir pra ele assumir nesses dias. E ele se propôs a ficar no meu lugar nesse período.
Desdobramento
A situação fez com que o vice buscasse a Justiça. Ainda em agosto, Pigatto ingressou com um mandado de segurança junto à 1ª Vara Cível Especializada em Fazenda Pública de Santa Maria. Mas a juíza Eloisa Helena Hernandez de Hernandez negou a retomada do pagamento do salário dele. E em fevereiro deste ano veio nova sentença, dessa vez definitiva, negando que os subsídios fossem pagos. O vice-prefeito diz que não irá mais recorrer da decisão.
Tanto o prefeito quanto o vice são estreantes na política. Cordero é empresário, do ramo madeireiro, e Pigatto é agricultor.
O município de quase 2,5 mil habitantes tem sua economia baseada na agricultura. Com um orçamento projetado em R$ 15 milhões para este ano, a prefeitura é a maior empregadora da cidade – com cerca de 130 funcionários. Como forma de economizar, a administração preencheu apenas sete dos 20 Cargos em Comissão (CCs) previstos.