O ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, preso desde 2016, assinou acordo de colaboração com a Polícia Federal. As negociações teriam avançado nos últimos dias. As partes teriam fixado as bases dos benefícios concedidos ao ex-ministro e concluído a fase de depoimentos, mas a delação ainda não foi homologada pela Justiça.
A colaboração de Palocci com a PF ocorre depois de ele ter tentado, sem sucesso, negociar a delação com os procuradores da Operação Lava-Jato. Em 2017, durante o depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-ministro falou da sua relação com o ex-presidente Lula e chegou a afirmar que o ex-presidente tinha um "pacto de sangue"com a Odebrecht.
Segundo O Estado de S.Paulo, Palocci pretende revelar detalhes dos esquemas de corrupção dos quais participou durante os governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, entre 2003 e 2015. Ao jornal, fontes na PF confirmaram que a colaboração premiada do ex-ministro foi acertada entre as partes. O político procurou a corporação após sua negociação com o Ministério Público não avançar. PF e MPF travam uma disputa no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre quem pode assinar acordos de colaboração e sobre o modelo a ser utilizado.
O ex-ministro vai falar aos delegados da Lava-Jato na Superintendência da PF de Curitiba, onde está preso desde setembro de 2016. Palocci foi detido na 35ª fase da operação, batizada de Omertá, após o delegado Filipe Hille Pace mapear as movimentações da "planilha Italiano" no dados do departamento de propina da Odebrecht.
Ainda não se tem notícia sobre a abrangência do conteúdo da delação de Palocci. Um dos temas a serem explicados pelo ministro são as contratações por grandes empresas de sua consultoria, a Projeto. Desde o início das investigações contra Palocci, a PF suspeita do uso da empresa para recebimentos de valores provenientes de esquemas de corrupção em órgãos públicos comandados pelo PT, entre eles, a Petrobras.
Relatório da Receita Federal anexado à operação Omertá revelou que a Projeto Consultoria Empresarial e Financeira, empresa de Palocci, recebeu R$ 81,3 milhões de 47 empresas, entre 2006 e 2015. Os valores recebidos são de, ao menos, três bancos, uma holding ligada ao setor farmacêutico, uma empresa de planos de saúde, uma montadora de veículos e uma companhia do setor de alimentos.
Em depoimento ao juiz Sergio Moro, na ação penal sobre a compra de um terreno para o Instituto Lula pela Odebrecht, Palocci incriminou o ex-presidente ao detalhar supostos encontros entre o petista e o empreiteiro Emílio Odebrecht para tratar de vantagens indevidas.