
Cinco entidades ligadas ao setor de jornais e comunicação emitiram nota nesta sexta-feira (6) criticando os ataques a equipes de reportagem feitos por militantes contrários a prisão de Luís Inácio Lula da Silva, decretada na quinta-feira (5) pelo juiz Sergio Moro.
Relatos de agressão foram feitos por profissionais do jornal Correio Braziliense, que cobre manifestação em frente à sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT-DF), em Brasília. O vidro do carro do jornal foi quebrado e profissionais, xingados. Um fotógrafo da agência Reuters que registrava o protesto também foi hostilizado. Em São Paulo, em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, localizado em São Bernardo do Campo, o alvo foi o fotógrafo Nilson Fukuda, da agência Estadão Conteúdo, atingido por ovos.
Duas repórteres, uma da Bandeirantes e outra do SBT, foram hostilizadas com gritos de "golpistas" enquanto passavam seus boletins no terceiro andar da sede do sindicato, onde a imprensa está posicionada desde a noite de quinta.
De acordo com o texto escrito em conjunto pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e Associação Nacional de Jornais (ANJ), os ataques são frutos da "incapacidade de compreender a atividade jornalística".
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) reitera as denúncias feitas em pronunciamento conjunto pelas outras entidades que condenaram a violência e os atos que violam a liberdade de imprensa e os direitos dos cidadãos brasileiros a receber informações. A SIP afirma estar alerta para esses incidentes de violência e os incluirá entre os temas que serão debatidos durante sua reunião na semana que vem em Medellín, na Colômbia, e na qual se discutirá a situação da liberdade de imprensa no continente
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) também se posicionou contrária à violência cometida contra os profissionais de comunicação. "A violência contra profissionais da imprensa é inaceitável em qualquer contexto. Impedir jornalistas de exerceu seu ofício é atentar contra a democracia. Os autores devem ser identificados e punidos pelas autoridades", diz a nota da Abraji.
Leia, na íntegra, a nota emitida pela ABERT, ANER e ANJ:
"A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), a Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) repudiam com veemência as agressões e hostilidades ocorridas desde a noite desta quinta-feira (5) contra jornalistas que trabalham na cobertura dos eventos relacionados à decretação da prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Toda essa violência injustificável e covarde decorre da intolerância e da incapacidade de compreender a atividade jornalística, que é a de levar informação aos cidadãos. Além de atentar contra a integridade física dos jornalistas, os agressores atacam o direito da sociedade de ser livremente informada.
A ABERT, a ANER e a ANJ se solidarizam com os profissionais e as empresas vítimas das agressões e hostilidades e esperam e esperam que todos os fatos sejam apurados pelas autoridades responsáveis, com a punição dos agressores, nos termos da lei.
A liberdade de imprensa e o direito à informação são básicos nas sociedades democráticas, e estão sendo desrespeitados pelo autoritarismo dos agressores. Todos aqueles que prezam a democracia precisam se colocar contra esses lamentáveis episódios e se mobilizar para que não voltem a ocorrer. Sem jornalismo, não ha democracia".