Os grupos de apoio ao ex-presidente Lula, que estão acampados próximos ao prédio da Polícia federal de Curitiba, afirmam que estão preparados para resistir meses no acampamento até que Lula seja libertado. Nem mesmo a decisão judicial de multar em
R$ 500 mil por dia as entidades responsáveis pela manifestação abalou o grupo.
O acampamento, que neste sábado (14) conta com cerca de 500 pessoas, está sendo organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), entidades estudantis e de outras categorias. A organização está sendo suficiente para garantir o relativo conforto dos participantes.
— Nossa comida é suficiente para garantir as pessoas por pelo menos mais três meses. São doações de todo o Brasil que chegam a todo o momento — afirma Madalena Cavalheiros, do MST de Quedas do Iguaçu, responsável por uma das cozinhas que funcionam no acampamento e serve cerca de 150 refeições diárias.
A organização também programou atividades para manter a atenção e a mobilização dos acampados. Cantores, grupos musicais, repentistas e contadores de histórias se revezam no espaço reservado para as apresentações. Em outro ponto são realizadas conferências online com integrantes do partido.
A maior preocupação da prefeitura de Curitiba são os transtornos que o acampamento estaria causando aos moradores da região. Parte proibiu que o grupo acampasse em frente à sua casa e vê a presença dos manifestantes com desconfiança.
—Quebra a rotina da gente, mas só atrapalha mesmo quando há um excesso de barulho. Só torço para que acabe logo— diz Catarina Muller, que está com a frente da casa liberada e fornece café para os policiais que fazem a patrulha na região.
Outra parte se integrou ao movimento e colabora com os acampados, com energia elétrica e uso dos banheiros. Outros ainda aproveitam para ganhar algum dinheiro vendendo serviços ou comida. É o caso do ambulante Joãozinho da Cocada, que mora na região e já foi candidato a vereador pelo PT.
—Mudei meu ponto do centro da cidade para cá, para atender os companheiros — afirma.
Mesmo a chuva e a queda da temperatura que atingiu Curitiba neste sábado não alterou a rotina do acampamento.
— Os companheiros de Curitiba estão solidários com o pessoal que veio para a manifestação. E mesmo boa parte dos moradores já entendeu nossa razão. Vamos ficar até que o presidente Lula seja libertado — afirmou a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT.
Ela visitou os acampados no começo da noite, mas sem fazer discursos. Gleisi fez fotos e conversou com os acampados.