O general do Exército e interventor federal na Segurança do Rio, Walter Souza Braga Netto, afirmou, nesta sexta-feira (2), estar preocupado com o vazamento de informações sobre operações em favelas e zonas de conflito no Estado. Ele também anunciou que deseja mudar o perfil das incursões e envolver mais órgãos do governo estadual para que não sejam ações apenas de polícia.
— A gente sempre tem preocupação (com vazamento de operações) — disse o general, que participou como comandante militar do Leste de uma cerimônia de entrega de medalhas do mérito desportivo militar no Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais.
Há suspeita, por parte de policiais ouvidos pela reportagem, de que traficantes tenham sido alertados da operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), deflagrada na manhã desta sexta-feira no Salgueiro e no Jardim Catarina, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio.
Na segunda-feira (26), moradores da Vila Kennedy, na zona oeste do Rio, relataram que traficantes que dominam a comunidade deixaram a área.
Braga Netto afirmou que, por enquanto, as Forças Armadas vão continuar fazendo intervenções pontuais, mas antecipou que, até o fim de março, haverá mudança no estilo das ações. O interventor não detalhou, mas disse que deseja envolver órgãos sociais do Rio nas operações em favelas. O anúncio dos detalhes será feito pelo general de Divisão Richard Fernandez Nunes, secretário de Segurança do Estado.
— Eu estive em reunião com o governador (do Rio, Luiz Fernando Pezão) e todo o secretariado, de modo que, quando nós tivermos uma operação, todos os órgãos do Estado também entrem e a operação não fique só policial. Até o fim do mês, estamos tentando organizar uma operação nesse estilo — disse Braga Netto. — Vocês já vão começar a sentir mudanças com o início das operações do general Richard (secretário de segurança). Ele vai anunciar mudanças. Eu não posso adiantar a data porque ele é que vai definir.
Esta foi a terceira vez que o general falou a jornalistas desde que foi convocado às pressas e nomeado pelo presidente Michel Temer, no dia 16 de fevereiro, como interventor na segurança do Rio. O general dera apenas duas breves entrevistas coletivas antes, em ambientes controlados. Nesta sexta, Braga Netto foi abordado sem estar cercado por assessores militares.
— Eu não estou fugindo da imprensa. É porque eu não estou tendo tempo — disse.