A intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro é uma "pirotecnia" criada pelo governo do presidente Michel Temer para tentar reelegê-lo, afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira (21). Em entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte (MG), o líder petista disse ainda que não descarta alianças com o PMDB nos Estados, uma vez que o partido seria uma "federação de grupos regionais", que não teria sido inteiramente favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.
— Acho que o Temer está encontrando um jeito de ser candidato à Presidência da República. E acho que ele achou que a segurança pública pode ser uma coisa muito importante para pegar um nicho de eleitores do Bolsonaro — destacou Lula, que está na capital mineira para um evento de comemoração dos 38 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores (PT).
— Temer sabe que o que tirou a reforma da Previdência da pauta não foi ele nem a intervenção, mas pesquisas mostrando que os deputados não iam votá-la. Então, eles pensaram: vamos criar outro espetáculo, e criaram a intervenção no Rio para passar para a sociedade a ideia de que ia acabar os problemas — completou.
Lula criticou o uso das Forças Armadas, afirmando que elas não foram preparadas para esse tipo de tarefa.
— O Exército passou um ano na favela da Maré e, quando saíram, os problemas voltaram — disse, questionando ainda o fato de não existir um plano anunciado para a intervenção.
— Obviamente, ninguém pode ser contra uma tomada de posição emergencial para ajudar a diminuir a violência no Rio, mas isso não pode ser feito dessa forma estabanada, pensando apenas na política — afirmou ele.
Eleições 2018
Questionado sobre a expectativa que tem quanto aos recursos apresentados por sua defesa no Tribunal Federal Regional da 4ª Região (TRF4) e no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar postergar a execução da prisão, Lula se disse "tranquilo" e que não começou a discutir "plano B ou C" porque acredita em sua absolvição. Ele ainda disse que não vê problemas em buscar alianças com o PMDB nos Estados.
— Não existe essa de PMDB nunca mais, isso é bobagem. O PMDB em Minas Gerais é sustentáculo do governo do petista Fernando Pimentel, grande parte dele se colocou contra o impeachment da Dilma — avaliou o ex-presidente. — O PMDB não é um partido nacional, mas uma federação de grupos regionais. Cada Estado é um PMDB — acrescentou Lula, criticando aqueles que dizem que nunca irão abandonar seus princípios em função da construção de um projeto eleitoral viável.
— Tenho de construir uma aliança que me permita fazer isso melhorar a vida do povo, senão serei o melhor candidato do mundo e não ganharei as eleições — completou. Escolha do vice
Lula ainda elogiou o empresário Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas e filho do vice-presidente José Alencar. — Josué é pessoa extraordinária, filho de uma pessoa extraordinária. É um bom quadro — afirmou, para depois contemporizar: — Quando chegar a hora de procurar um vice, vou procurar. Mas, obviamente, vice é somatório de interesses políticos, econômicos, sociais.