O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Roberto Veloso, criticou as diferenças entre auxílios concedidos aos magistrados no país, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, na manhã desta sexta-feira (23). Na quinta-feira, a entidade anunciou uma possível paralisação depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) agendou para o dia 22 de março a votação sobre o auxílio-moradia, de R$ 4.378, a juízes. Veloso afirmou que a categoria não é contra o debate, mas defende que o STF defina todos os benefícios que podem ou não ser concedidos aos magistrados:
— O que a magistratura federal quer é que seja julgado tudo e o que o Supremo Tribunal Federal esclareça o que é que a magistratura deve ou não receber, mas toda a magistratura.
O representante da entidade disse que a paralisação foi uma reivindicação de uma parcela dos associados. Segundo ele, 562 dos 2 mil magistrados representados pela Ajufe responderam à consulta em seu primeiro dia, 522 deles favoráveis à possível greve. A consulta será encerrada na quarta-feira (28).
— Os juízes federais fizeram uma reivindicação à associação porque estavam indignados com o fato de ter sido apenas pautado o auxílio-moradia e não ter sido pautada a lei dos fatos funcionais, que é a lei que o Sérgio Cabral aprovou no Rio de Janeiro, concedendo diversos benefícios aos juízes do Estado — criticou.
A legislação do Rio de Janeiro concede aos juízes estaduais outros benefícios além do auxílio-moradia, como auxílio pré-escola, auxílio-saúde e auxílio-alimentação. Ao ser perguntando se é um caso que realmente necessite de paralisação, o presidente afirmou que foi uma solicitação de parte dos associados.
Questionado se é favorável ou contrário ao auxílio-moradia, o presidente respondeu lendo um trecho da nota emitida pela Ajufe na quinta-feira, na qual a entidade afirma que "defende um tratamento justo e igualitário para toda a magistratura nacional".
Veloso foi indagado novamente sobre o auxílio, mas não emitiu opinião e se limitou a dizer que a Ajufe defende a inclusão na pauta do STF.
— O assunto não está mais girando em torno disso. O assunto agora é julgamento pelo STF. E defendemos que o STF julgue, que o STF aproveite e discipline tudo — afirmou.
Salários dos magistrados
Veloso disse ainda que a magistratura federal é acusada de receber benefícios que não são concedidos.
— Eu acho que tem que ser definido tudo. Terminamos sendo acusados de determinadas situações que nós não recebemos. É preciso definir.
Sobre os valores recebidos pelos magistrados em um momento de crise, o juiz afirmou que outras carreiras tiveram reajustes nesse período.
— A alegação da crise econômica só está sendo aplicada à magistratura, não está sendo aplicada em relação às outras categorias. Muitos comparam o que ganha um juiz federal com um pedreiro ou um porteiro. O que devia ser comparado em relação à magistratura é o que ganham outras carreiras de igual magnitude.
Confira a entrevista do presidente da Ajufe: