O empreiteiro Marcelo Odebrecht entregou à Operação Lava-Jato uma nota fiscal no valor de R$ 250 mil e um comprovante de pagamento à produção do filme Lula, o filho do Brasil. O financiamento do longa é alvo de investigação da Polícia Federal.
Na ocasião, o empreiteiro "se disponibilizou a auxiliar a investigação e a buscar, por meio da sua defesa, junto à Odebrecht S.A., empresa leniente, cópias de registros sobre eventual apoio financeiro dado à produção do filme 'Lula, o filho do Brasil".
"O colaborador (Marcelo Odebrecht) também está comprometido a identificar, no âmbito da pesquisa que fará nos registros constantes do seu computador, todos aqueles documentos e informações que possam ser úteis à elucidação deste e de outros fatos investigados", afirmou a defesa.
A nota fiscal de número 2930 tem data de vencimento de 4 de maio de 2009. Um trecho do recibo indica a discriminação dos serviços.
"Cota de patrocínio da obra intitulada 'Lula, o filho do Brasil'. Conforme contrato", aponta a nota emitida pela produtora Filmes do Equador, do cineasta Luiz Carlos Barreto.
A cinebiografia do ex-presidente Lula estreou em 1º de janeiro de 2010 e custou cerca de R$ 12 milhões.
O filme conta a história de Lula, desde a infância dramática no sertão de Pernambuco, aborda sua chegada a São Paulo no pau de arara, as dificuldades que enfrentou ao lado da família, o trabalho na indústria metalúrgica, as históricas campanhas grevistas dos anos 1970 que marcaram o ABC paulista e a ascensão ao topo do sindicato que o consagrou e impulsionou sua trajetória política.
Lula, o filho do Brasil é uma biografia baseada no livro homônimo da jornalista Denise Paraná.
Além de Marcelo Odebrecht, o ex-ministro Antonio Palocci (Casa Civil/Fazenda-Governos Lula e Dilma) foi convocado para prestar depoimento. O ex-ministro foi questionado, em 11 de dezembro, pelo delegado Filipe Hille Pace sobre a relação que supostamente teria com a produção do filme. O ex-ministro declarou, na ocasião, que "deseja colaborar na elucidação de tais fatos", mas que ficaria em silêncio.
Quando o caso foi revelado, o produtor do longa, Luiz Carlos Barreto, negou que tenha ocorrido tráfico de influência. Barreto disse também que negou o pedido de omissão feito pela Odebrecht.
— Houve uma solicitação para que não incluíssemos o nome da empresa nos créditos do filme e dos materiais publicitários, condição essa que não foi, por nós, aceita— afirmou.
A Odebrecht informou que está "colaborando com a Justiça".