O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, pré-candidato ao governo fluminense, acusou o governo de Michel Temer de estar comprando os votos favoráveis à reforma da Previdência por meio da liberação de emendas parlamentares. O deputado, em entrevista ao programa Timeline da Rádio Gaúcha, nesta sexta-feira (02), comparou a liberação de recursos por parte de Temer para demandas dos deputados federais ao esquema do Mensalão.
– O que eu quis dizer é que eu não desejo uma prática política que ocorre claramente no país. Quem faz isso? Como estão sendo aprovadas as reformas (de Temer)? Ou isso não é comprar deputado através de emenda? Quando um deputado troca a posição política dele porque uma emenda é liberada, condicionando o posicionamento dele na votação, isso é o que? É compra! Vamos deixar claro: eu uso o exemplo do Mensalão, do Rio e do governo federal – argumentou Garotinho.
Na entrevista, o governador ainda defendeu afirmação feita por ele em entrevista à uma rádio comunitária do Rio de Janeiro, alegando que o conteúdo foi editado para gerar polêmica. Naquela entrevista, o pré-candidato pediu para que seus eleitores não votassem em um deputado da oposição porque, caso contrário, ele teria que “gastar dinheiro para comprar esse deputado”. Já nesta sexta, em entrevista à Gaúcha, Garotinho mudou a afirmação para uma pergunta.
– Eu disse: Quero fazer um pedido adicional às pessoas que pretendem me dar um voto de confiança. Não votem só em mim. Se vocês quiserem votar em mim votem em um deputado estadual que esteja na mesma coligação que eu. Porque senão você vai dar o voto com a mão direita e tirar com a mão esquerda. Imaginem que eu queira reduzir o IPVA de todas as pessoas? Como eu vou fazer? Eu vou ter que comprar deputado? Vou ter que continuar com essa prática que ocorre no Rio (de Janeiro), ocorre em Brasília onde o presidente (Temer), através de emendas, está comprando deputados? A entrevista foi bem clara, só não entendeu quem não quis. O pessoal lá espalhou o vídeo editado – afirmou.
O ex-governador ainda argumentou que a repercussão da fala se deveu à perseguição promovida pela Rede Globo contra ele.
Garotinho deixou, no último dia 21 de dezembro, o presídio Bangu 8, onde estava desde o fim de novembro sob a acusação de integrar uma organização criminosa que arrecadava propina com empresários para financiar campanhas eleitorais. A decisão que o tirou da cadeia partiu do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.
À Gaúcha, Garotinho também sugeriu que Lula não é inocente, mas argumentou que houve erro da Justiça na condenação do ex-presidente pelo caso do triplex no Guarujá. Conforme Garotinho, tratou-se de um julgamento político contra Lula.
– O PT teve equívocos e o maior deles foi a queda de alguns setores do partido no patrimonialismo. Especificamente neste caso do triplex não há ato de ofício do presidente. Ninguém pode ser condenado por ter a intenção de comprar o triplex. Acho que tem outros processos em que Lula será condenado. O direito penal não pode abdicar da prova cabal. E a prova cabal, neste caso, é que um juiz de Brasília determinou a penhora de um apartamento da OAS, não do Lula. Poderia ser do Lula, mas não é. Neste caso acho que foi um julgamento mais político do que técnico. Faltaram elementos de prova. Não estou aqui para passar a mão em outros casos que são evidentes – avaliou.