A deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) revelou ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, estar aliviada por voltar às atividades parlamentares após as polêmicas que envolveram sua indicação ao Ministério do Trabalho. Ela se disse perseguida pela "ditadura da toga" e pelo "ativismo judicial que demoniza as figuras políticas" e afirmou que teve a vida devassada por ser mulher.
– Estou aliviada (com a desistência do seu nome para o Trabalho), porque não tem nada pior na vida do que você não poder fazer planos para o futuro. Ainda mais eu, que sou muito organizada, minha vida é programadinha. Faço planejamento estratégico, tenho agenda semanal, mensal, tudo direitinho. Se eu assumisse como ministra, não seria candidata e teria que mudar minha vida inteira. Ficar esse mês e meio em suspenso, cada dia uma novidade, um monte de invenções sobre a minha vida privada, profissional, cada dia uma matéria mentirosa diferente – disse Cristiane.
A deputada citou uma matéria que tratava sobre o perfil dela em um aplicativo de relacionamentos amorosos e questionou a capacidade da imprensa em "diferenciar o que é interesse público relevante":
– Cá entra nós, eu não vi outros personagens que assumiram ministérios, homens, por exemplo, terem a sua vida devassada dessa assim. Não vi colegas do sexo masculino terem passado por essa devassa. Porque eu sou solteira, sou autêntica? Tenho perfil em site de relacionamentos porque eu posso.
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Cristiane Brasil também detalhou a polêmica com o vídeo que gravou em uma lancha. Segundo ela, o vídeo era destinado apenas a um grupo íntimo de amigos e o vazamento ocorreu contra a sua vontade.
– Estava há 15 dias em um ataque intenso à minha vida privada (...). No auge do estresse, fui para Angra (dos Reis). Não conseguia conversar com ninguém, precisava ficar quieta. Toda hora olhava o telefone, toda hora era pedido de entrevista, queriam matéria sobre qualquer coisa. Meus amigos são empresários (os que aparecem no vídeo), não as esposas. No calor da emoção, eu super indignada por causa das ações trabalhistas, meus amigos falaram para eu fazer um vídeo interno, para sair só no nosso grupo de WhatsApp. Nunca esse vídeo foi uma tentativa de libelo contra a Justiça. Jamais deveria ter aceito gravar esse vídeo. Era algo da minha vida privada que não deveria ter sido divulgado, tanto é que passa o filho de um amigo atrás. Não fiquei pensando "botem as camisetas", era uma coisa nossa. Ainda falei para o amigo para que não divulgasse para ninguém.
A deputada falou, também, sobre os processos trabalhistas de motoristas que dizem ter trabalhado para ela. Cristiane afirmou que um dos motoristas jamais trabalhou diretamente com ela, apenas fazia pequenos serviços para seu filho. Cristiane também negou as acusações de associação ao tráfico:
– Me sinto absolutamente injustiçada. É o fim da picada você noticiar uma matéria falando que a pessoa é investigada por ligação ao tráfico de drogas se o processo não tem movimento desde 2010.
Ao responder sobre como ficou a relação com o pai, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, autor da indicação dela ao Ministério do Trabalho, Cristiane falou sobre a relação com o Judiciário:
– Nessa história toda eu sou um marisco entre o rochedo e o mar (...). Eu acho que o momento político acirrado que temos, essas críticas contra os políticos em geral, a falta de assunto no recesso político, misturado com esse ativismo judicial que demoniza as figuras políticas, não está sendo bom para a democracia. Essa história de um juiz de primeira instância ter o poder de impedir um presidente de nomear um ministro, isso não pode ser bom – concluiu.
Sobre os planos para o futuro, Cristiane disse que irá concorrer novamente:
– Vou me candidatar a deputada federal, temos que combater o ativismo judicial, que rasga a constituição. A ditadura da toga tenta dominar nosso país e demonizar os políticos. Não é assim que se faz um equilíbrio entre os poderes.