A polêmica criada em torno das questões da prova do concurso da Brigada Militar, que citam integrantes do governo Sartori, o que teria ferido o princípio da impessoalidade, também teve desdobramentos nos bastidores da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Desde domingo (17), quando cobrou explicações da cúpula da BM, o secretário Cezar Schirmer não esconde a contrariedade com a repercussão negativa do assunto.
Na manhã desta terça-feira (19), em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, Schirmer disse que em um concurso "dessa dimensão", com a Brigada tendo um departamento de ensino, "não deveria deixar tão solto".
O mal-estar está posto desde domingo, quando questões do concurso começaram a ser comentadas em redes sociais e a SSP, por meio do Twitter, informou que o secretário "exigiu do comando geral da BM explicações convincentes acerca dos conteúdos aplicados" na prova.
No mesmo dia, o comandante-geral, coronel Andreis Dal'Lago, manifestou a interlocutores contrariedade com a cobrança de Schirmer. E a BM emitiu nota oficial afirmando ser da Fundatec toda a responsabilidade. "A empresa responsável pelo certame, Fundatec, contratada nos termos da lei nº 8.666/93, é responsável exclusiva pela condução da prova intelectual em todas suas fases: elaboração, aplicação e correção; sendo igualmente a única responsável pelos textos e situações concretas utilizadas na formulação das questões", diz a nota.
Em entrevista à Rádio Gaúcha na segunda-feira (18), o coronel Andreis disse que a corporação foi surpreendida pelo conteúdo das provas e que já estudava cancelar algumas das questões. O coronel também reafirmou a plena responsabilidade da fundação com a elaboração da prova.
Acho que, num concurso dessa dimensão, a Brigada, tendo lá o departamento de ensino, o departamento administrativo, não deveria deixar tão solto.
CEZAR SCHIRMER
secretário da Segurança Pública
Nesta terça, Schirmer falou do caso à Gaúcha. Questionado sobre se a BM não teria de ter revisado a prova, já que tem um departamento de ensino, respondeu:
— Ouvi a entrevista do comandante da Brigada e ele diz que a responsabilidade é da empresa, uma vez contratada a BM não tem ou não teria nenhuma ingerência sobre o concurso, sobre as perguntas. Acho que, num concurso dessa dimensão, a Brigada, tendo lá o departamento de ensino, o departamento administrativo, não deveria deixar tão solto. Deveria no edital ou na... enfim, deveria estabelecer diretrizes.
Procurado por GaúchaZH, o comandante da BM, por meio da assessoria de imprensa, disse que não iria mais se manifestar sobre assunto que envolvesse o concurso.