Um estudo realizado pela BBC Brasil e divulgado nesta sexta-feira (8) mostrou que um "exército virtual" de fakes foi usado por uma empresa com base no Rio de Janeiro para manipular a opinião pública, principalmente nas eleições de 2014. Pelo menos 13 políticos teriam sido beneficiados com a estratégia, entre eles senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Renan Calheiros (PMDB-AL) e o atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).
O método de manipulação eleitoral nas redes sociais seria similar ao usado pelos russos nas eleições americanas de 2016, que elegeram Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Os perfis, conhecidos como ciborgues, misturam pessoas reais e máquinas, criando um rastro de atividade mais difícil de detectar por computador, devido ao comportamento parecido com o de humanos.
O empresário carioca Eduardo Trevisan, proprietário da Facemedia, registrada como Face Comunicação On Line Ltda, teria começado a mobilizar os perfis falsos, em 2012, contratando até 40 pessoas espalhadas pelo Brasil que administrariam as contas para atuar principalmente em campanhas políticas.
Chamados de "ativadores", os funcionários recebiam da empresa perfis prontos, que continham foto, nome e história de cada um. O trabalho dos funcionários seria alimentar e dar prosseguimento à narrativa criada, misturando publicações de caráter pessoal com postagens apoiando políticos. O salário inicial de um controlador de perfis falsos ficava por volta de R$ 800 — nas eleições de 2014, o valor teria subido para R$ 2 mil.
Segundo a reportagem apurou, entre os políticos que teriam contratado o serviço estão o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Renan Calheiros (PMDB-AL), Eduardo Braga (PMDB-AM) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES), o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), o ex-prefeito de Vila Velha (ES) Rodney Miranda (DEM), o secretário municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação do Rio de Janeiro, Índio da Costa (PSD), o ex-senador Gim Argello (DF) e o ex-deputado estadual Felipe Peixoto (PSB-RJ).
Não há evidências de que os políticos citados soubessem que o uso de perfis falsos fazia parte de um serviço de consultoria em redes sociais.