O arcebispo metropolitano, Dom Jaime Spengler, criticou o pronunciamento de Natal do presidente Michel Temer durante entrevista ao programa Gaúcha Atualidade nesta segunda-feira (25). Ele questionou a fala do presidente, que afirmou que o custo de vida está mais barato no Brasil.
— Ouvindo vocês comentarem um pouco da nossa realidade política... Quem diz que a vida está mais barata não vive a realidade do nosso povo. A impressão que dá é de que vive em uma outra realidade. Olhando nossa situação de Porto Alegre, o número de moradores de ruas, o número de placas de "vende-se" e "aluga-se", o comércio fechado, a vida parada, jovens sem perspectiva de um emprego digno (...) Certamente esse tempo de Natal precisa reacender em todos a esperança — desabafou.
Lembrando o verdadeiro significado do Natal, que é o nascimento e a humildade de Jesus Cristo, Dom Jaime seguiu fazendo associações ao cenário brasileiro.
— Estamos muito habituados a seguir indicadores econômicos, como se fossem o único meio para seguir a nossa vida, mas existem valores, ética, o bem comum que precisa ser promovido, cuidado e assumido por todos.
O religioso falou também sobre a situação dos refugiados, assunto mencionado pelo Papa Francisco em sua homilia na Missa do Galo. Para Dom Jaime, a crise dos imigrantes está associada “à guerra e à miséria” e só será revertida com maior igualdade social.
— O meio privilegiado para superar essa situação é aquilo que a Igreja sempre defendeu, somente com justiça social e melhor distribuição de renda é que se pode superar esta realidade— disse.
O arcebispo finalizou falando sobre a corrupção na política e no Judiciário brasileiro e reforçou que falta ao país consciência política.
— Existem algumas expressões da política que nos envergonham, e do Judiciário que também nos envergonham. A corrupção é um mal, é fruto daquilo que nós dizemos o pecado, a prepotência humana do querer se sobrepor a tudo e a todos. A corrupção tira da boca dos pobres aquilo que lhes pertence. Sempre existiu corrupção, mas nessa proporção é algo que nos impacta. Precisamos de uma consciência política — defendeu.