Um dia após desistir oficialmente de ser candidato a presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) se disse "aliviado" e com a sensação de "dever cumprido" por ter "chacoalhado" o partido. Segundo ele, sua função foi demonstrar que a legenda, principal aliada do governo de Michel Temer durante o impeachment, é mais do que a imagem que ultimamente estava sendo apresentada na mídia.
— Mostramos que tem gente diferente, não somos como o PSDB que ultimamente estava aparecendo na mídia. Existe ainda indignação com atitudes que não condizem com a nossa história, o nosso princípio. Deu uma chacoalhada principalmente nos mais jovens — afirmou Tasso, em uma referência às suspeitas de corrupção envolvendo o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente afastado do partido. Tasso comandou a sigla de forma interina de maio até o início do mês, após ser destituído pelo próprio Aécio.
O senador e o governador de Goiás, Marconi Perillo, concordaram em desistir de disputar o comando do PSDB em favor do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que deve assumir a função no próximo dia 9, na convenção tucana.
— O governador tem a liderança, tem a autoridade e a habilidade necessárias para resolver os enormes problemas que o partido tem — disse Tasso. — As opiniões diferentes existem, mas ele (Alckmin), como ponto de união, vai ser capaz de convergir para uma solução.
Em mais uma referência a Aécio, o senador disse que a nova executiva da sigla tem de ter "cara limpa".
— Tem de estar afinado com as propostas de Mário Covas, de Fernando Henrique e nossas.
Desembarque
Para Tasso, será natural que o partido desembarque do governo de Temer, como já indicou o governador paulista em entrevista nesta terça-feira (28).
— Ficar ou não no governo é um detalhe dessa mudança que o partido tem de ter, de voltar aos seus princípios fundamentais — disse.
O afastamento, segundo o senador cearense, não deve ser um problema para que Alckmin consiga atrair partidos que hoje fazem parte da base de Temer para sua candidatura à Presidência.
— Vai caber a ele construir essa aliança defendendo posições nítidas e claras, mas ele tem condições para fazer isso — disse Tasso.
Previdência
O senador disse ainda não acreditar que o governo consiga aprovar na Câmara o texto da reforma da Previdência neste ano. Segundo Tasso, o partido apoia as reformas, mas, da forma como o texto foi alterado, será preciso uma nova reforma caso essa entre em vigor.
— A reforma da Previdência é fundamental, sem ela o país quebra — disse. — Mas, com essa reforma que está aí, quem quer que seja o presidente em 2019, ele terá de votar uma nova reforma — afirmou.