O pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e filiado ao DEM Adolfo Sachsida, 45 anos, tem participado de encontros semanais com o deputado e presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) para discutir temas da economia brasileira e mundial. Segundo o analista, ele é parte de um grupo de 11 economistas e intelectuais que têm mantido interlocução com o parlamentar – segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência em 2018.
Apesar dos encontros regulares, Sachsida diz não ter sido contratado para dar aulas.
— Não sou professor do Bolsonaro. Trocamos ideias e eu não sou pago para isso — afirmou, sem informar a identidade dos demais participantes do grupo.
No currículo, o economista tem uma passagem como professor de Economia da Universidade do Texas - Pan American e como consultor do Banco Mundial para Angola. Hoje, mantém uma página no YouTube em que fala sobre economia.
Eleitor assumido de Bolsonaro, "mesmo antes de ser convidado para conversar sobre economia com ele", Sachsida foi "desnomeado", em 2016, do cargo de assessor especial do ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE), depois que suas postagens favoráveis ao movimento Escola Sem Partido tornaram-se públicas.
O economista recorre aos mesmos argumentos de Bolsonaro para justificar a falta de intimidade do deputado com os princípios da economia.
— Ele não precisa ser especialista em economia. FHC e Lula não eram, mas convidaram pessoas que entendiam do tema para suas equipes — afirma.
Segundo ele, os encontros começaram em julho, quando o presidenciável se aproximou do PEN (Patriota). Desde então, tem frequentado o gabinete de Bolsonaro e feito caminhadas com ele. Nas ocasiões, diz debater uma "necessária revisão das políticas públicas" – principalmente as que envolvem subsídios governamentais – para, "com um melhor controle das políticas públicas, fortalecer até programas sociais, como o Bolsa Família".
Sachsida afirma que o deputado tem grande interesse pela economia de princípio liberal e já se declarou favorável à independência do Banco Central.
— Quando o mercado conhecer o Bolsonaro com mais profundidade, vai entender que ele é um político responsável com a condução econômica — disse.
Economista nega certeza de integrar eventual equipe econômica
A parceria, segundo Sachsida, não significa indicação para a eventual equipe econômica, no caso de o deputado chegar à Presidência.
— Eu já falei para Bolsonaro que, em um eventual governo, ele deveria manter boa parte da equipe econômica atual e nomear para ministro da Fazenda o Mansueto Almeida (atual secretário de Acompanhamento Econômico do governo Michel Temer — disse o pesquisador do Ipea.
O nome preferido de Sachsida, não endossado publicamente por Bolsonaro, também é pesquisador do Ipea e faz parte da equipe do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Mansueto defende o ajuste fiscal, a reforma da Previdência e, em 2014, foi consultor do então candidato e senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Procurado pela reportagem, o deputado Jair Bolsonaro não respondeu.