A Polícia Federal (PF) de Campos de Goytacazes, no norte do Rio, prendeu os ex-governadores do Estado Anthony Garotinho (PR) e sua esposa, Rosinha Garotinho (PR), em operação deflagrada na manhã desta quarta-feira (22).
Os pedidos de prisão foram feitos pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), que apura a arrecadação de dinheiro ilícito para o financiamento da campanha dos dois.
A investigação é um desdobramento da Operação Chequinho, que apura fraude com fins eleitorais no programa Cheque Cidadão por Garotinho. Segundo o MPE, em troca dos votos, a prefeitura oferecia inscrições fraudulentas no programa, que dá R$ 200 por mês a cada beneficiário.
Conforme a PF, os crimes investigados envolvem corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais.
Durante as investigações, a polícia informa, ainda, que foram identificados elementos que apontam que "uma grande empresa do ramo de processamento de carnes firmou contrato fraudulento com uma empresa sediada em Macaé (RJ) para prestação de serviços na área de informática. Suspeita-se que os serviços não eram efetivamente prestados e que o contrato, de aproximadamente R$ 3 milhões serviria apenas para o repasse irregular de valores para utilização nas campanhas eleitorais", diz, em comunicado.
Empresários também informaram à PF que o ex-governador cobrava propina nas licitações da prefeitura de Campos, exigindo o pagamento para que os contratos fossem honrados pelo poder público daquele município.
Um ex secretário municipal também foi preso. Após os procedimentos de praxe, os presos serão encaminhados ao sistema prisional do Estado onde permanecerão à disposição da Justiça.
Segundo a assessoria de imprensa, Garotinho foi preso em seu apartamento na Praia do Flamengo, na zona sul da cidade, enquanto Rosinha foi detida em sua casa em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense.
A defesa dos ex-governadores informou que só se pronunciará quando tiver acesso aos documentos que embasaram os mandados de prisão, o que ainda não aconteceu.
Prisões anteriores
A primeira prisão de Garotinho foi no início da investigação da Operação Chequinho, em novembro do ano passado. A suspeita, então, era de que o ex-governador teria usado o programa Cheque Cidadão"para cooptar eleitores nas eleições de 2016 no município situado ao Norte do Estado do Rio.
Ainda em novembro, por 6 a 1, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revogou a prisão preventiva de Garotinho, desde que cumprisse uma série de medidas cautelares e pagasse fiança de 100 salários mínimos (R$ 88 mil).
O político foi preso novamente no dia 13 de setembro deste ano, após ser condenado na primeira instância da Justiça Eleitoral a nove anos, 11 meses e 10 dias de reclusão, além de multa de R$ 210.825,00. Ele estava ao vivo em seu programa diário na Rádio Tupi, o "Fala Garotinho", quando precisou sair do estúdio. Ouça, em áudio, o momento da prisão.
A pena, no entanto, foi transformada em prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica e outras restrições.
No final de setembro, o TSE revogou a prisão domiciliar do ex-governador, assim como retirou a maioria das restrições, como proibição de contato com qualquer outra pessoa, exceto seus familiares, e de uso celulares, internet ou outros meios de comunicação.