O deputado Jair Bolsonaro, que já se declara pré-candidato à Presidência da República, confirmou, nesta segunda-feira (27), que vai se filiar em março ao PEN, partido que poderá lançar sua candidatura.
— Tenho acordo com Adilson Barroso, presidente da sigla, para ir ao PEN em março do ano que vem — disse o parlamentar em fórum realizado pela revista Veja.
Apesar disso, o deputado disse ser o único "pré-candidato" a não ter, atualmente, partido nem bancada apoiando sua candidatura.
— Estamos sozinhos. Sou mais que o primo pobre, sou o primo paupérrimo nessa história.
O deputado também falou sobre planos para a economia — área pela qual disse ter sido massacrado ao reconhecer que não dominava o assunto — e defendeu que militares fiquem de fora da reforma da Previdência.
— É uma classe à parte em qualquer país. Trabalhamos 80 horas por semana e somos lembrados nos momentos mais difíceis — declarou Bolsonaro, que é militar da reserva.
Se vencer as eleições, disse, o ministério da Defesa será conduzido por um "general quatro estrelas".
— O atual ministro da Defesa, Raul Jungmann, é defensor do desarmamento. Precisamos de técnicos nos ministérios — criticou.
Bolsonaro também se disse favorável a uma revisão do Código Penal, ao tratar de como pretende resolver problemas de segurança pública, tema que mais gosta de discorrer, mas que é de competência dos Estados. Segundo ele, os policiais hoje não têm direito à legitima defesa.
— Temos de mexer no Código Penal e acabar com a figura do excesso. Dar dois tiros ou 15 no marginal, para mim, é a mesma coisa — afirmou Bolsonaro, recebendo aplausos da plateia que assistiu à entrevista dada ao jornalista Augusto Nunes.
Em outro momento, o deputado também criticou as denúncias do Ministério Público sobre excessos em operações policiais de reintegração de posse e desafiou os promotores a estarem na linha de frente nesse tipo de ação.
— Policial que não mata não é policial — disse.
Ao elencar as diferenças a outros candidatos, Bolsonaro disse que fala a verdade, tem Deus no coração e, embora diga não ver como virtude, garantiu ser honesto.
— Fui o único da base aliada, na época, que não foi comprado pelo PT.
Foro privilegiado
O deputado também se disse contrário ao fim do foro privilegiado para parlamentares, em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF).
— No meu entender, é um engodo — disse Bolsonaro.
De acordo com o deputado, o fim do foro resultaria em um tempo ainda maior de tramitação de processos contra autoridades federais.
— É para que leve 20, 30 anos até que tenha uma decisão final.
Economia
Bolsonaro revelou que está "namorando" com o economista Paulo Guedes para ser ministro da Fazenda, caso seja eleito. O parlamentar disse que teve duas conversas, num total de oito horas, com Guedes.
— É a pessoa que a gente espera continuar namorando, quem sabe ficar noivo — disse o deputado, acrescentando que se aproximou do economista por ele ser crítico de planos econômicos anteriores e por não ter participado de governos petistas.
Bolsonaro disse que questionou o especialista se seria possível adotar uma política que mantivesse o tripé macroeconômico, arrecadasse mais com menos impostos e equacionasse a "questão" dos servidores.
— Perguntei se é possível, ele disse que é possível — afirmou.
O jornalista Augusto Nunes, que entrevistou o parlamentar, destacou que parece que o casamento tem hora marcada, no que Bolsonaro disse esperar que sim, mas deixou claro que será um "casamento hétero". A resposta provocou alguns aplausos na plateia que acompanhou o evento.