No dia seguinte ao anúncio da venda de ações do Banrisul, o secretário-geral de Governo, Carlos Búrigo, disse que o Piratini nunca "falou em privatização do banco". A especulação em torno do tema se iniciou após o Planalto defender a venda da instituição como contrapartida para a adesão do Estado ao plano de ajuste com o governo federal.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, apresentado por Carolina Bahia, Daniel Scola e Rosane de Oliveira, com produção de Tiago Boff, o secretário também afirmou ser impossível calcular quanto a comercialização dos papéis renderá ao RS. Projeções do mercado indicam valores entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões, dinheiro suficiente para bancar entre uma e duas folhas do funcionalismo.
Ao ser questionado se a venda de ações do Banrisul para pagamento da folha representaria somente uma "queima" de ativos públicos, sem resolver as raízes da crise financeira, desconversou:
— Colocaremos esses recursos no fluxo de caixa e, conforme for entrando, servirá, sim, para quitar a folha dos servidores, fazer investimentos em estradas e suprir as necessidades para quitar compromissos.
Búrigo admitiu que a operação não resolve a crise financeira, mas defende que a medida representa uma parcela de um plano de recuperação.
— É o momento propício porque as ações valorizaram, a economia demonstra sinal de crescimento e as bolsas estão subindo. Entendemos que, vendendo 49% das ações, continuaremos com o controle do banco — completou.
Na entrevista, o secretário ainda criticou a greve dos professores convocada pelo Cpers-Sindicato em razão do atraso no pagamento dos salários. Búrigo se referiu à paralisação como "ideológica e injustificável", e também criticou a oposição.
— A cada movimento que fazemos no sentido de melhorar a situação do Estado, surgem pessoas criticando. Por que não resolveram antes? — questionou.