O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, não comentou na manhã de hoje a divulgação da lista de empresas que submetem trabalhadores a condições análogas à escravidão no Brasil. Nogueira fez palestra a empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). Entretanto, ele não quis conceder entrevista à imprensa.
Durante a palestra, que durou pouco mais de 50 minutos, o ministro do Trabalho reafirmou que o Brasil deve gerar cerca de dois milhões de empregos nos próximos dois anos. Segundo ele, o grande objetivo do governo nos próximos meses é incentivar que empresários contratem formalmente trabalhadores. Nogueira também frisou o papel do empresariado para fortalecer a economia. Conforme ele, "sem emprego, não há justiça social". O ministro ponderou dizendo que os empreendedores são peça-chave no processo de recuperação do país.
— Sem capital, não tem investimento. Sem investimento, não tem empreendimento. Sem empreendimento, não tem emprego. E sem emprego, não há justiça social. Se o Estado não tiver o empreendedor e investimento do capital, o Estado não vai arrecadar, e não vai ter como sustentar as instituições — disse o ministro, frisando que as reformas trabalhistas são necessárias, para dar mais "segurança jurídica" ao trabalhador e ao empregador.
Ronaldo Nogueira disse ainda que as medidas não foram influenciadas pela proximidade com o pleito eleitoral de 2018. As mudanças, segundo ele, são necessárias para adequar a legislação brasileira à disputa por investimentos, em comparação com outros países.
Outro ponto citado durante a palestra foi a ampliação, em dezembro, de uma Escola Nacional em Inspeção do Trabalho, com objetivo de auxiliar em fraudes trabalhistas.
Trabalho escravo
Na sexta-feira (27), o Ministério do Trabalho divulgou a lista atualizada de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à de escravo, popularmente conhecida como "lista suja do trabalho escravo". Nogueira e a União foram obrigados, por decisão da Justiça do Trabalho do Distrito Federal, a publicar a "lista suja".
Os dados foram liberados pouco mais de uma semana após a pasta publicar portaria que estabelece novas regras para caracterização de trabalho nessas condições e para atualização do cadastro de empregadores enquadrados nesse ilícito — a portaria, no entanto, foi suspensa por decisão liminar da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber.