O juiz federal Sergio Moro mandou a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "esclarecer expressamente" se tem os originais dos recibos do aluguel do apartamento 121 do edifício Hill House, em São Bernardo do Campo (SP). O imóvel é vizinho ao do petista e um dos pivôs de ação penal na qual Lula é réu por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava-Jato.
Para os procuradores, a Odebrecht custeou a compra do apartamento, em nome do engenheiro Glaucos da Costamarques — primo do pecuarista José Carlos Bumlai e amigo do ex-presidente. Na mesma ação, Lula também responde por ter supostamente recebido da empreiteira terreno onde seria sediado o Instituto Lula, no valor de R$ 12,5 milhões. A Lava-Jato afirma que não houve pagamento de aluguel entre fevereiro de 2011 e pelo menos novembro de 2015 do imóvel vizinho ao do petista, em São Bernardo.
No dia 25 de setembro, a defesa do ex-presidente apresentou documentos que contestam a versão dos procuradores. Os advogados do petista anexaram um contrato da ex-primeira-dama Marisa Letícia com Costamarques — dono do imóvel no cartório — e recibos de pagamento. Dois dos comprovantes apresentam datas que não existem no calendário. Parte dos documentos ainda apresenta os mesmos erros de ortografia.
O Ministério Público Federal (MPF) do Paraná entrou com um incidente de falsidade, em 4 de outubro, para apurar a autenticidade dos documentos apresentados pela defesa do ex-presidente e cobra os recibos originais. Os procuradores afirmam que os comprovantes são "ideologicamente falsos" e pediram perícia.
Na decisão, Moro afirma que "há dúvida, tratando-se de suposto falso ideológico, quanto à adequação de perícia técnica para a solução da controvérsia".
Na ação penal, a defesa de Lula apresentou recibos do pagamento da locação do apartamento.
Costamarques, que assina os recibos, afirmou, por meio de seu defensor, que somente passou a receber e assinar os aluguéis ao final de 2015.