Na tarde de 12 de outubro de 1992, o país foi sacudido com uma notícia trágica. O deputado federal Ulysses Silveira Guimarães (PMDB-SP), uma das figuras mais importantes da história brasileira, estava desaparecido. Em meio a uma tempestade, o helicóptero em que ele viajava de Angra dos Reis (RJ) para a capital paulista mergulhou no mar fluminense, próximo à Praia do Sono, poucos minutos após a decolagem. Estavam a bordo, além de Ulysses, a mulher dele Mora, e outras três pessoas, o ex-senador Severo Gomes, também acompanhado da mulher, Maria Henriqueta, além do piloto Jorge Comemorato.
O Congresso Nacional parou para acompanhar as buscas. Os corpos de quatro vítimas foram resgatados no dia seguinte, mas a procura pelo deputado foi infrutífera. O mistério sobre a localização do corpo de Ulysses permanece até hoje. Em agosto de 2001, um médico legista catarinense chegou a divulgar que o crânio, supostamente de Ulysses, tinha sido encontrado em alto-mar por pescadores de Barra do Sul, no litoral catarinense.
O caso fez aflorar uma teoria da conspiração. Adversários políticos teriam interesse na morte de Ulysses porque ele fora um dos principais artífices do movimento pelo impeachment do então presidente da República Fernando Collor (destituído do cargo dois meses depois). Segundo essa teoria, Ulysses teria sido vítima de uma sabotagem, do mesmo modo da que envolveu a morte do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek (1956 a 1961), em acidente de carro, em agosto de 1976. As suspeitas nunca se comprovaram.
Ulysses havia comemorado 76 anos de vida seis dias antes do acidente aéreo. Nascido em 1916, em Rio Claro, interior paulista, era professor e advogado. Torcedor fervoroso do Santos, foi diretor do clube e militou na política por 45 anos. Começou como deputado estadual em São Paulo, em 1947, pelo extinto Partido Social Democrático (PSD). Depois, se elegeu deputado federal por 11 mandatos consecutivos, entre 1951 e 1995. Foi ministro duas vezes, presidente da República interino em 1985, e candidato a presidente da República, em 1989.
Três década antes, apoiou o golpe que derrubou o presidente João Goulart (em 1964), mas depois se tornou figura de proa da oposição. Foi fundador do único partido contrário ao regime existente à época, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), depois PMDB, participando ativamente de ações pela redemocratização do pais e da luta pela anistia nos anos 1980, ficando conhecido como Senhor Diretas e Senhor Democracia.
Em 5 de outubro de 1988, como presidente da Assembleia Nacional Constituinte, promulgou a Constituição Federal.