Aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2014, o ex-presidente da Corte Joaquim Barbosa criticou o cenário político no Brasil e disse que não é candidato à Presidência. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o ex-magistrado afirmou que o país está passando por uma "fase de instabilidade crônica, da qual talvez só saia em 2018".
– Nosso país foi sequestrado por um bando de políticos inescrupulosos que reduziram nossas instituições a frangalhos. Em nenhum país do mundo um chefe de governo permaneceria um dia sequer no cargo depois de acusações tão graves quanto aquelas que foram feitas contra Temer – opinou.
Sem citar nenhum dos integrantes da Suprema Corte, ex-presidente do STF disparou contra decisões do ministro Alexandre de Moraes, que negou dois mandados de segurança para que os pedidos de impeachment contra Temer fossem analisados pela Câmara. Barbosa ainda criticou o processo que levou ao impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff.
– Eles instauraram no Brasil a ordem jurídica deles, e não a das nossas instituições. O Brasil teve um processo de impeachment controverso e patético e o mundo inteiro assistiu. A sequência daquele impeachment é o que estamos vendo hoje. Não há parâmetro de comparação entre a gravidade dos fatos. Michel Temer deveria ter tido a honradez de deixar a Presidência – afirmou.
Leia mais
Governo freia liberação de emendas
Delação de Funaro retorna ao STF após ajuste na PGR
JBS entrega à PGR áudios e arquivos complementares de delação
Recebido pelo Valor em seu escritório na capital federal, Barbosa se posicionou contra a possibilidade de adoção do parlamentarismo no Brasil. Para o ex-ministro, a mudança seria uma forma de "angariar a perpetuação no poder e se proteger das investigações".
– O país vive há quase 130 anos sob um regime presidencialista. Seria uma irresponsabilidade absurda testar um experimento exótico desse, como se fosse um brinquedinho, um ioiô.
Questionado ainda se é candidato, Barbosa foi enfático:
– Não, não sou – disse.
Caso dispute cargo, a candidatura do ex-magistrado poderia ser conhecida até abril de 2018, quando deverá ocorrer a abertura da janela de transferência partidária. Nesse caso, faltariam seis meses para a eleição, em outubro do próximo ano.